Dados divulgados pela ONG WWF-Brasil, em evento em comemoração ao Dia do Pantanal 2017, informam que 18% do Pantanal foi desmatado. Entre as causas da devastação estão a expansão das commodities, principalmente para a produção extensiva de gado. O preço dessa perda é altíssimo, o custo total é de R$ 19 milhões ao ano para a sociedade.
“Isso é terrível porque estamos reduzindo a quantidade das populações animais e vegetais podendo haver um sério risco em extinções de espécies, com a perda da biodiversidade e ainda afetando processos que garantem a disponibilidade de água para as populações “, afirma Júlio César Sampaio, coordenador do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, presente no evento.
O Pantanal é o bioma com a menor extensão territorial no Brasil, mas nem por isso, o menos importante. O bioma abriga pelo menos 4.700 espécies conhecidas, entre animais e plantas. Para Júlio César Sampaio, “o Pantanal fornece aproximadamente R$ 560 bilhões ao ano em serviços ambientais para todo o planeta. Isso seria o que o bioma provê de água, solos produtivos, ar de qualidade, diversidade de peixes, regulação do clima para o globo”, afirmou. “Esse valor econômico do Pantanal não é considerado nas análises de viabilidade de grandes projetos de infraestrutura, como por exemplo hidrovias e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) que podem causar impactos ainda não compreendidos a todo o ecossistema”.
Sobre as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), o professor José Sabino da Universidade Anhanguera de Mato Grosso do Sul (Uniderp) falou do risco da implantação das PCHs no Pantanal: “Na Bacia do Alto Paraguai há planejamento de se construir perto de 115 PCHs. Isoladamente elas causam pouco impacto, mas em conjunto podem criar um impacto sem precedentes à hidrodinâmica do pulso de inundação do Pantanal, vital para os ciclos naturais da planície pantaneira”.
Os dados da devastação do Pantanal direcionam os olhares para a importância da conservação do bioma. A doutora em Direitos Humanos e Meio Ambiente, Marli Deon Sette, destaca como podemos desenvolver mecanismos para conter o corte de vegetação nativa. “É necessário deter o desmatamento no Pantanal por meio de mecanismos econômicos que inibam produções não amigáveis ambientalmente, como por exemplo, a monocultura da soja – que degrada as terras pantaneiras – a construção de hidrelétricas e o uso de agrotóxicos”, declara a doutora.
As chuvas e o Pantanal
Outro assunto discutido no evento foi que as chuvas estão ficando cada vez mais extremas no Pantanal. Chove mais em menos dias desde 1926 até 2016. “Se o desmatamento da Amazônia superar um certo nível crítico, é possível que as chuvas de verão no Pantanal se tornem mais escassas e ao mesmo tempo mais extremas, e isso sim pode acarretar em risco hídrico para o Pantanal no médio e longo prazos. Portanto a conservação da Amazônia é fundamental para manter a segurança hídrica do Pantanal, ou seja, a disponibilidade de água para o Pantanal e, de certa forma, para toda América do Sul”, afirma Iván Bergier, especialista em mudanças climáticas da Embrapa Pantanal.
*Com informações da Assessoria de Comunicação do WWF-Brasil.
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