Colunas

Pequenas miragens

Sobrevoar o cerrado que cerca Brasília, em dia de céu de brigadeiro, precisa de uma certa coragem. A degradação salta aos olhos e os lugares a serem preservados espantam.

11 de abril de 2007 · 18 anos atrás

Era frio e claro em Brasília. Início da seca, ainda não definitiva, mas presente. O amanhecer anunciava que o dia seria de céu intenso. Daqueles de “brigadeiro”, onde o espírito descansa. Mas a mente transborda. Difícil se concentrar. É preciso conferir o plano de vôo, as paradas, a rota e as dezenas de recomendações. Tudo pronto. Um vôo no coração do Brasil.

Quando estou no Cerrado, ou penso nele, tenho sempre a impressão que tudo ocorre em flash. É uma sensação como aparecer e desaparecer. Quase loucura. Acender e apagar a luz. Como tudo é intenso e muda rápido, é como um diálogo entusiasmado. Então decidi escrever esta coluna com esta cara, este jeito, com toda informalidade de que for capaz. As frases longas serão abandonadas. Desta forma tento transcrever aquilo que experimento. As linhas escorregam e tentam descrever alguns momentos. Vividos há quase um ano. Saboreados com tamanha intensidade que é preciso lembrar Carlos Drummond de Andrade, e dizer: “Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força jamais resgata”.

Mais alguns minutos. A soja reaparece, o cansaço também. Dia intenso. Contraditório. Mas também cheio de beleza. A vida prossegue em Brasília, como se nada tivesse ocorrido. O vento sopra novamente. Volta o sentimento de dia cumprido. A viagem alimenta a alma. Momentos únicos, para sempre.

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