Fotografia

Os monumentos geológicos de Ricardo Siqueira

Clicando para colegas de curso, o geólogo Ricardo Siqueira lapidou sua paixão pelas formas da natureza e hoje vive da venda de seus livros. São mais de 14 mil.

Alexandre Sant´Anna ·
31 de março de 2005 · 20 anos atrás

Ricardo Siqueira, carioca de 44 anos, é um geólogo que virou fotógrafo. Tudo começou na faculdade de Geologia da UFRJ, no Rio de Janeiro, onde encontrou um laboratório completamente abandonado. No auge de seus 18 anos, cheio de gás, Ricardo resolveu dar uma geral naquele quarto escuro entregue às baratas e passou dias limpando bacias e tirando poeira do ampliador, para deixar o lugar freqüentável.

Foi premiado com a chave do lugar e o título de chefe do laboratório. Resolveu fazer experiências: velou filmes, queimou ampliações, mas já no terceiro período do curso, havia se tornado uma espécie de “banco de imagens” para os estudantes de Geologia. Todos pediam para ele fotografar formações rochosas que ilustrassem seus trabalhos.

Assim, ele começou a desenvolver uma relação com a fotografia que iria acompanhá-lo para sempre. Recém formado, foi contratado como fotógrafo pela revista Manchete. Foram três anos de trabalho, período que ele considera uma segunda faculdade. Depois da Geologia, esta era sua verdadeira “graduação” em fotografia.

De lá, passou pelas redações da Editora Abril e da Isto É. Em nenhuma delas conseguiu colocar em prática uma antiga sugestão de pauta: uma matéria sobre os fortes do Brasil. Ricardo sempre levava debaixo do braço um esboço de seu projeto. Quebrou a cara muitas vezes até que, certo dia, foi fotografar a diretoria da João Fortes Engenharia e conseguiu convencer a empresa a bancar seu livro, com o argumento da coincidência do nome – Fortes.

Publicou assim seu primeiro livro, “Fortes e Faróis” e, paralelamente criou sua própria editora: a Luminatti, onde exerce desde as funções de executivo até as de contínuo, passando pela de fotógrafo, é claro. O segundo livro foi uma homenagem à Geologia: “Monumentos Geológicos”, cujas fotos ilustram esse ensaio. Depois vieram ”Luzes do Novo Mundo”, ”Pontes e Viadutos do Brasil”, ”Rio Ontem e Hoje” (Volumes 1 e 2) e ”Igrejas do Rio de Janeiro”. Num país como o Brasil, em que raros fotógrafos conseguem sobreviver de livros, Ricardo é sem dúvida uma exceção.

Além de sete livros publicados e uma editora própria, ele tem a incrível marca de 14.000 livros vendidos. É um verdadeiro Sidney Sheldon do ramo.

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