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Newsletter O Eco+ | Edição #188, Março/2024

Esforços para salvar o sauim-de-coleira, javalis dominando o Brasil e a crise na reciclagem de papéis.

Newsletter O Eco+ | Edição #188, Março/2024

17 de março de 2024

O sauim-de-coleira é um macaco amazônico que vive apenas numa pequena porção do Amazonas – seu lar é parcialmente sobreposto com a Região Metropolitana de Manaus, que cresce cada vez mais em direção às florestas do sauim. Para garantir a conservação no longo prazo do sauim, é necessário assegurar que seu habitat permaneça de pé, mostra a reportagem de Duda Menegassi. A principal proposta, em âmbito federal, é a de um Refúgio de Vida Silvestre. Seria a primeira UC federal no habitat do sauim, um refúgio com cerca de 15 mil hectares, com localização estratégica que ajudaria a manter a conectividade de grandes blocos de floresta no lar do primata. A proposta é considerada em estágio avançado dentro do ICMBio e as articulações locais estão em andamento para realizar as audiências públicas ainda no primeiro semestre.

Nativos da Europa, África e Ásia, os javalis chegaram no Brasil há pouco mais de 500 anos e se dispersam veloz e fortemente há seis décadas, deixando um rastro de prejuízos ambientais, econômicos e sanitários. A reportagem de Aldem Bourscheit aponta como políticas precárias, falta de predadores e disseminação por caçadores ajudaram a distribuir os javalis em 36% dos municípios do país, de todas as regiões. O javali prefere frutos, raízes e brotos, mas, quando a fome aperta, não perdoa lavouras e outros animais. Destrói nascentes, banhados e beiras de rios, dentro e fora de áreas protegidas. Também reduz a variedade e quantidade de espécies nativas nas regiões invadidas e pode transmitir doenças a rebanhos comerciais, caseiros e espécies nativas como cateto e queixada. Conter a disseminação envolve veneno, castração química, diversificação de cultivos e até cães treinados. Métodos caros, que precisam de muitas pessoas e grande orçamento. 

O setor de reciclagem de papéis enfrenta uma crise histórica, agravada no pós-pandemia da Covid-19: o setor que gera cerca de 40 mil empregos diretos coletou 4,9 milhões de toneladas em 2022, mas deverá fechar o balanço de 2023 com queda expressiva, segundo previsto pela Associação Nacional dos Aparistas de Papel (Anap). De R$ 2,00, por quilo, alcançados na pandemia, o preço do papelão despencou para R$ 0,50, no ano passado, sacrificando catadores e recicladores. O mesmo ocorreu com o papel branco. “A gente faz um apelo ao governo para que os recicladores tenham tratamento diferenciado e que a reciclagem seja mais valorizada”, alerta Sanfins na reportagem de Elizabeth Oliveira. E reitera que o material reciclável, já tributado originalmente, ao ser reciclado sofre uma nova tributação. Diante desse cenário adverso, Anice Torres, diretora do Centro de Reciclagem Rio (CRR), ressalta que para não amargar mais prejuízos, enquanto as empresas buscam outras soluções, muitos catadores deixam de coletar papel e papelão. Assim, materiais que poderiam voltar às linhas de produção vão parar em aterros sanitários ou lixões.

Boa leitura!

Redação ((o))eco

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Reparando danos. A Irlanda possui apenas 11% de cobertura florestal. Mas, neste episódio do Mongabay Newscast, o ambientalista Eoghan Daltun mostra como conseguiu realizar a façanha de reflorestar simplesmente deixando a natureza em paz. A dica é erguer uma cerca, o que rapidamente levou à regeneração da mata nativa, das flores silvestres e da fauna. [Mongabay]

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