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Newsletter O Eco+ | Edição #197, Maio/2024

Mudanças climáticas: os efeitos para a Caatinga, para a população e os avisos da Ciência

Newsletter O Eco+ | Edição #197, Maio/2024

19 de maio de 2024

Estudos recentes demonstram que o aquecimento e a redução da pluviosidade previstos para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste já estão causando impactos, como o aumento da frequência de secas na Amazônia. Apesar de justificável, o foco na Amazônia tem um efeito adverso: ele deixa de lado a fauna e a flora de biomas naturalmente mais áridos, como a Caatinga, destacada na reportagem de Bernardo Araújo. “Existia uma visão de que porque esses organismos evoluíram num clima seco, quase desértico, eles estão adaptados às mudanças climáticas”, diz Mario Moura, ecólogo e pesquisador da Universidade Federal de Campinas. De acordo com um estudo de Moura, até 2060, 40% da Caatinga vai passar por um processo de homogeneização em suas comunidades de plantas, gerando perda de diversidade entre regiões.

Um estudo publicado pelo ClimaMeter, iniciativa que provê análises rápidas sobre eventos climáticos, indicou que as chuvas no sul do Brasil foram exacerbadas tanto pela mudança no clima provocada pelo homem, quanto por variabilidades climáticas. A mensagem, no entanto, não é nova. Cristiane Prizibisczki conversou com Thelma Krug, cientista do corpo científico da ONU para as Mudanças Climáticas, o IPCC, que ocupou a vice-presidência do grupo entre 2015 e 2023, sobre os recentes acontecimentos climáticos no sul do país e sobre a necessidade – e capacidade – brasileira para a adaptação. “O apoio à geração de conhecimento é fundamental para que o país possa entender mais profundamente suas necessidades, que são regionalmente específicas.”, destacou Krug.

Catástrofes como a no Rio Grande do Sul tornam populações humanas mais vulneráveis a crimes. É o que aponta o estudo inédito "O Tráfico de Pessoas no Contexto de Degradação Ambiental no Brasil", da Organização Internacional para as Migrações das Nações Unidas (OIM), apresentado na reportagem de Aldem Bourscheit. "Pessoas e famílias que têm a renda impactada podem ficar sem recursos para se manter (...) e, com isso, se tornar mais suscetíveis a aceitar propostas que escondem situações de aliciamento para o tráfico de pessoas”, explica Débora Castiglione, coordenadora de projetos da Unidade de Mobilidade, Meio Ambiente e Mudança do Clima da OIM. O acúmulo crescente de tragédias potencializadas pela negligência histórica de governos com a emergência climática amplificará os números de refugiados e migrantes, comumente empurrados para áreas ambientalmente frágeis.

Boa leitura!

Redação ((o))eco

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Sementes de descoberta. Alunos do The College of New Jersey (EUA) participaram de uma iniciativa de replantio que fez sucesso: arrancando o mato e plantando 70 plantas nativas, ficaram surpresos com a experiência – o primeiro contato de muitos ali com a jardinagem. Aos poucos, gramados e arbustos bem cuidados estão abrindo caminho para plantas nativas e polinizadores em alguns campi universitários do país. Eles trabalharam com alguns funcionários da faculdade para conseguir terrenos para plantar seus jardins, mas os alunos concordaram que seriam responsáveis ​​pela manutenção. [NPR]


Uma árvore de cada vez. A paisagem de Albertine Rift, na Uganda, é um ecossistema diversificado que proporciona um habitat proeminente para muitas plantas e animais raros. Nos últimos 25 anos, milhões de hectares de floresta foram perdidos devido ao impacto humano, da agricultura, da exploração madeireira e dos incêndios. Para proteger e recuperar de maneira mais eficaz as florestas degradadas, o projeto de Restauração do Corredor de Habitat da Vida Selvagem, liderado pelo Instituto Jane Goodall (JGI), segue 4 estratégias desde 2020: 1) Restaurar áreas degradadas no corredor florestal comunitário; 2) Restaurar áreas degradadas na Reserva Florestal Central de Kagombe; 3) Promover práticas agroflorestais em terras comunitárias; e 4) Fortalecer o monitoramento florestal e a aplicação de leis. [Afr100]

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O planeta está com febre | Luciana Rosa

Um dia, o planeta Terra acordou com febre. Foi ao médico e descobriu que o problema era o aquecimento global. Para resolver essa situação, o planeta reuniu diversas crianças. Juntos eles entenderam que só o amor é capaz de mudar as pessoas e salvar o planeta. 

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Cidades-esponja e a adaptação à crise climática | O Assunto

Levantamento da Casa Civil e do Ministério das Cidades divulgado no início deste ano aponta que mais de 1.900 municípios estão em zonas de risco quanto aos eventos extremos do clima. Além disso, quase 9 milhões de brasileiros vivem em áreas expostas a desastres. Daí a necessidade, cada vez mais urgente, de cidades se adaptarem para lidar com eventos climáticos extremos e suas consequências – cada vez mais intensas e frequentes. Novos arranjos urbanísticos aparecem como possível solução, entre eles, as chamadas cidades-esponja.

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Santiago Wild é um festival latinoamericano de cinema focado em vida selvagem. O catálogo online gratuito conta com filmes, documentários, curtas e animações.

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