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Vale repete Mariana e rejeitos poderão chegar ao rio São Francisco

Cerca de 1 milhão de metros cúbicos de lama foram derramados no acidente. Rejeitos chegarão à hidrelétrica de Retiro Baixo em dois dias. Objetivo é que ela amorteça a onda de lama

Daniele Bragança ·
25 de janeiro de 2019 · 6 anos atrás
Rompimento da barragem em Brumadinho. Foto: WhatsApp.

A mineradora Vale adotou em 2017 o lema ‘Mariana nunca mais’, em alusão ao acidente na barragem da mineradora Samarco, ocorrido há 3 anos, e que destruiu a bacia do rio Doce. A Samarco é controlada pelas mineradoras Vale e BHP Billiton. Pois Mariana voltou a acontecer nesta sexta-feira (25), em doses (por enquanto) menores do ponto de vista ambiental e maiores do ponto de vista humano. Se a tragédia ocorrida em novembro de 2015 deixou 19 mortos, na de hoje estão confirmados 7 mortos e mais de 150 pessoas desaparecidas.

No total, três barragens de rejeitos de mineração se romperam no fim da manhã desta sexta-feira (25), mudando a paisagem do município de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com o Corpo de Bombeiros, até o início da noite 189 pessoas foram resgatadas com vida. Parte são funcionários da própria Vale, que estavam almoçando no momento do acidente.

A lama atingiu o rio Paraopeba, ‒ que faz parte do sistema de abastecimento de água da região metropolitana de Belo Horizonte ‒, e segue a caminho do município de Betim e Pará de Minas. As prefeituras pediram para que moradores esvaziem casas próximas das margens do rio. A lama deverá atingir a hidrelétrica de Retiro Baixo, localizada entre os municípios de Curvelo e Pompeu, no domingo. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), órgão agora ligado ao Ministério do Desenvolvimento Regional, a hidrelétrica deve amortecer a onda de rejeitos.

Se a lama for segurada, Furnas terá uma hidrelétrica a menos, mas isso evitará que a lama chegue ao rio São Francisco. Se transbordar, a tragédia de Brumadinho tem chances de superar Mariana no posto de maior tragédia ambiental da história.

Desculpas

Fabio Schvartsman, presidente da vale, durante coletiva. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil.

O presidente da Vale, Fábio Schvartsman, pediu desculpas às vítimas e disse que estava surpreso e transtornado por causa do rompimento. Segundo ele, a barragem estava inativa há três anos e não apresentava riscos. “Há mais de três anos [a barragem] não opera e estava em processo de descomissionamento. Ela sequer vinha recebendo rejeitos da mineração. (…) Quando digo surpreso, é que há laudos das consultorias que atestam a estabilidade da barragem. Daí nossa surpresa”, afirmou, em coletiva. “Como vou dizer que a gente aprendeu [com Mariana] se acaba de acontecer um acidente desses?”, disse.

Neste sábado, o presidente Jair Bolsonaro sobrevoará a região, junto com os ministros de Minas e Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, além do  Secretário Nacional de Defesa Civil. O presidente da Vale participará da comitiva.

 

 

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  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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