A espeleologia mundial perde esta semana um dos mais importantes membros de sua comunidade. Claude Chabert partiu, certamente em busca de cavernas do além. Francês, filósofo de profissão, é um apaixonado por qualquer cavidade subterrânea, seja ela gigante e maravilhosa como a Gruta do Janelão, no Parque Nacional do Peruaçu, seja uma pequena toca ao redor de sua terra natal – Paris. Desde a década de 80 acompanha diversas expedições do Grupo Bambuí de Espeleologia; possui uma das mais completas bibliotecas relacionadas ao tema, e certamente uma das publicações mais fantásticas já produzidas: o Atlas do Janelão, com pranchas pintadas em aquarela, representando de forma documental e artística esta grande caverna mineira.
Conheçi Claude e sua inseparável companheira, Nicky, numa expedição ao Peruaçu. Lembro que chegar à noite, lá estavam eles, tomando uma caipirinha sem gelo, pés descalços num acampamento à margem do rio. Permanecemos uma semana, e enquanto eu fotografei os imensos salões, Claude tratava de compilar mais informações para o mapa que vem a ser a base para seu sonhado Atlas.
Amizade constituída, sou um dos inúmeros espeleólogos que se hospeda em sua casa, e usufrui de sua companhia, regada a muito vinho, queijo e intermináveis partidas de gamão. E como não pode deixar de ser, participo de seu projeto de documentar todas as cavernas, grutas e tocas ao redor da capital francesa. Por conta de sua indicação, vou parar numa bizarra caverna no interior da Tailândia, onde há uma das maiores (senão a maior) colônia de morcegos do mundo.
Claude Chabert é certamente um dos mais importantes nomes na espeleologia do mundo. E continuará presente, como seus feitos, como sua amizade, como sua engraçada e filosófica maneira de encarar a vida, como os verbos deste texto. Boa viagem, Claude!
Leia também
Apib se distancia de novos representantes indígenas da comissão do Marco Temporal no STF
Organização afirma, em nota, que nomes escolhidos pelo Ministério dos Povos Indígenas não representarão o movimento indígena; as trocas foram determinadas pelo ministro Gilmar Mendes →
Projeto de lei que aumenta pena para crimes contra fauna avança no Congresso
Proposta sugere que crimes contra animais silvestres sejam punidos com até seis anos de prisão. Punição para abusos e maus tratos também fica mais severa →
Imposto Seletivo: mitigação e compensação de danos
Precisamos garantir que a receita com o Imposto Seletivo contribua para cumprir o que a lei determina: diminuir impactos negativos na saúde e no meio ambiente →