O desmatamento aumentou 12% na Amazônia entre agosto de 2007 e julho de 2008 em comparação com o mesmo período da temporada anterior. As informações são do Prodes, sistema utilizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para verificar o corte ilegal de árvores na maior floresta tropical do planeta. Para o estudo, imagens de três satélites (Landsat, CCD/CBERS e DMC) foram analisadas detalhadamente e verificadas em campo pelos técnicos do Inpe. Os dados são considerados oficiais pelo governo federal e foram divulgados por Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente, durante coletiva de imprensa realizada em Brasília no início da tarde desta terça-feira.
Ao todo, 12.911 quilômetros quadrados de vegetação foram derrubados nos doze meses em análise. O número é 7,3% superior à projeção feita em dezembro pelo governo com apoio em 85 imagens e está dentro da margem de erro de 10%. Os campeões do desmatamento não são exatamente uma surpresa. Enquanto o Pará lidera o ranking, Mato Grosso vem logo atrás. Juntos, eles derrubaram 69% de todas as áreas contabilizadas no Prodes. O destaque positivo fica por conta de Rondônia que, ao menos, reduziu suas taxas de desflorestamento em 29% a partir de uma comparação fria com o último lançamento anual do Inpe.
“É comum que essa correção (de 7,3%) aconteça, o Prodes costuma fazer isso. Mas no segundo semestre de 2007 houve um aquecimento da economia na Amazônia e os preços das commodities subiram muito. Por isso, havia o receio de que o desmatamento no período chegasse a 15 mil quilômetros quadrados. O governo, no entanto, adotou medidas muito duras contra o corte, o que fez o número cair”, explica Adalberto Veríssimo, do Imazon.
A boa notícia, no entanto, é que as taxas da temporada seguinte (2008/2009) devem ser muito menores. Falta apenas o mês de julho para ser analisado, e as expectativas são as melhores possíveis. “Acredito que este será o menor desflorestamento da história, abaixo dos dez mil quilômetros quadrados. Isso porque o governo continua rigoroso no combate, a economia está calma e houve índices de chuvas acima dos normais”, diz Veríssimo.
O Inpe também divulgou nesta terça-feira os dados do Deter para o mês de junho. De acordo com a ferramenta, que determina o desmatamento em tempo real na Amazônia, foram ao chão 578 quilômetros quadrados do bioma. Pará e Mato Grosso também lideram esta classificação. Diferente do Sistema de Alerta ao Desmatamento (SAD) do Imazon, porém, o Deter junta os números do corte raso com o de áreas degradadas. Adalberto Veríssimo afirma que isto é um equívoco, já que degradação não significa morte de florestas.
Neste ano, o INPE apresentou uma novidade: o Sistema de Monitoramento de Áreas Florestais Degradadas na Amazônia (Degrad). A partir das mesmas imagens usadas no Prodes é possível determinar durante o ano a dinâmica destas zonas, consideradas não desmatadas, mas com evidências de incêndio florestal ou sob exploração de madeira em alta intensidade. Para isso, basta aumentar o realce das figuras. Entre os fragmentos degradados em 2007, 12% foram considerados desmatados em 2008 pelo Prodes.
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