Notícias

Transporte: o vilão de ontem e de amanhã em São Paulo

Setor ultrapassa o industrial em emissões de gases estufa e Secretaria de Energia revela que o problema pode persistir nos próximos 20 anos.

Juliana Tinoco ·
17 de maio de 2011 · 14 anos atrás
O excesso de carros é um dos principais responsáveis pelas emissões de gases estufa na cidade de São Paulo. Crédito: Thiago Teixeira
O excesso de carros é um dos principais responsáveis pelas emissões de gases estufa na cidade de São Paulo. Crédito: Thiago Teixeira
Lançados recentemente, o Inventário de Emissões de São Paulo e o estudo Matriz Energética revelam um vilão comum do passado e do futuro paulista: os transportes. O primeiro faz um raio-x das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera e o segundo projeta os próximos vinte anos para o setor de energia, a partir de dados do crescimento econômico do Estado.

Entre 1990 e 2008, São Paulo aumentou em 63% suas emissões de gás carbônico. Em 2005, ano tomado como referência para metas de redução, o setor energético foi responsável por 57% destas emissões  – mais da metade, 55,3%, vindas de transportes altamente dependentes de combustíveis fósseis.

Os dados estão no Inventário de Emissões, publicação que faz parte da Política Estadual de Mudanças Climáticas de São Paulo, instituída por lei em 2009. O estudo mostra que as emissões, graças à queima de combustíveis fósseis, cresceram 39% entre 1990-2008, ou uma média anual de quase 2%. Em 2008, a frota de 13 milhões de veículos produziu 14,1 milhões de toneladas de dióxido de carbono, superando a antiga emissora histórica, a indústria, que atingiu 13,4 milhões de toneladas no período.

E como seria esta mesma São Paulo daqui a vinte anos? Segundo o estudo Matriz Energética, a frota de carros deverá crescer – serão 17 milhões de automóveis, fazendo com que os transportes sigam abocanhando uma parcela considerável da demanda energética da cidade. O relatório, elaborado pela Secretaria de Energia do Estado, leva em conta um crescimento do PIB da cidade de 3,5% ao ano.

Nesta perspectiva de desenvolvimento econômico, quem aparece em primeiro lugar nos indicadores é a indústria, com um consumo de energia previsto de 48% em 2035. Transporte vem logo em seguida – responsável por 36% da demanda em 2035, especialmente de diesel e gás natural. O etanol também entra nesta disputa, e passará, pelas previsões, de 4% para 7%.

O relatório alerta ainda que, com a projeção de triplicar anualmente seu PIB, São Paulo exigirá uma média de 1,8% a mais de energia por ano até 2035. Apesar do crescimento da demanda, a oferta de energia prevista pelo estudo não passa de 1,3% por ano, o que significa que o estado poderá ter que importar sua energia.

Artigos relacionados em O Eco:

São Luís: arquiteto quer revolucionar transporte público
Buenos Aires aposta nas bicicletas

  • Juliana Tinoco

    Juliana Tinoco é jornalista multimídia especializada na cobertura de Meio Ambiente, Ciência e Direitos Humanos. Por quinze an...

Leia também

Podcast
20 de novembro de 2024

Entrando no Clima#39 – Lobistas da carne marcam presença na COP29

Diplomatas brasileiros se empenham em destravar as negociações e a presença de lobistas da indústria da carne nos últimos dias da COP 29.

Reportagens
20 de novembro de 2024

Pelo 2º ano, Brasil é o país com maior número de lobistas da carne na COP

Dados obtidos por ((o))eco sobre levantamento da DesMog mostram que 17,5% dos lobistas do agro presentes na COP29 são brasileiros

Notícias
19 de novembro de 2024

G20: ato cobra defesa da Amazônia na pauta do encontro dos chefes de Estado

A Amazônia está de olho" reuniu mais de 100 ativistas neste domingo (17), no Rio de Janeiro, para pressionar líderes presentes no G20 a tomar ações concretas para conservação da maior floresta tropical do mundo

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.