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Manifestações marcam oposição ao novo Código Florestal

Final de semana em São Paulo é marcado por manifestações culturais e mobilizações contra as mudanças propostas por Aldo Rebelo.

Karina Miotto ·
24 de maio de 2011 · 14 anos atrás

No último fim de semana, dois importantes eventos mobilizaram a capital paulista em prol  da preservação do meio ambiente. No sábado, quem esteve no Parque do Ibirapuera se deparou com o TEDxMataAtlântica. No domingo, o local foi palco do Viva a Mata 2011, organizado pela Fundação SOS Mata Atlântica – que também apoiou o TEDx. O encontro foi marcado por manifestações contra a votação do Código Florestal, a ser realizada hoje na Câmara dos Deputados. No total, os dois eventos chegaram a contar 1700 pessoas.

Encontro no Parque do Ibirapuera: Mata Atlântica e Código Florestal em debate (foto: Zerolux/SOS Mata Atlântica)
Encontro no Parque do Ibirapuera: Mata Atlântica e Código Florestal em debate (foto: Zerolux/SOS Mata Atlântica)

O tema do TEDx era “Minha Atitude, Meu Ambiente” e reuniu cinco palestrantes: Fabio Feldmann, fundador da ONG SOS Mata Atlântica; Giuliana Cappelo, jornalista ambiental colunista do site Planeta Sustentável; Simone Bazarian, sócia-fundadora da Associação ProScience; Cristiana Randow, coordenadora do projeto RespirAR, Regina Casé, apresentadora do programa ‘Um pé de quê?’ e Kaká Werá, indígena Tapuia, fundador do Instituto Arapoty.

O objetivo do evento era mostrar às pessoas os diversos meios pelos quais o homem está conectado ao bioma. Giuliana é também permacultora e subiu ao palco para dizer que o que é sustentável é também divertido – e usou como exemplo a comparação entre a situação de um ciclista e a de um motorista no meio do trânsito. Simone trabalha com reflorestamento de áreas degradadas e afirma que a mudança efetiva ocorre quando a informação passa pela mente e pelo coração.

Não deu para fugir do assunto que ultimamente não quer calar. Para Feldman, a aprovação do Código Florestal como tem sido proposto por Aldo Rebelo (PCdoB-SP) é “um passaporte à impunidade no Brasil”. “Ou temos a capacidade de entrar no século 21 ou vamos voltar para o século 19”, defendeu.

O ciclo de palestras terminou com Kaká Werá explicando a história da Ibirapitanga, árvore cuja tradução do tupi-guarani para o português significa “Alma Vermelha”. Este é o nome verdadeiro do que hoje conhecemos como “Pau Brasil”. “Na época da invasão dos portugueses, ‘brasileiro’ era a designação dada àqueles que roubavam o Pau Brasil. Sentimos orgulho de sermos brasileiros, ‘os que roubam árvores'”, contou ele. Em alusão ao extermínio de florestas que já vem sendo causado pelas mudanças propostas para o novo Código, finalizou sua palestra dizendo que “este é o nosso momento de mudar a história. Vamos nos transformar em brasileiros que plantam e que zelam por suas árvores”.

1500 pessoas e uma só voz

No dia seguinte às palavras de Kaká, 1500 pessoas se reuniram no parque em uma manifestação contra o novo Código. A mobilização fez parte do Viva a Mata 2011. Estiveram presentes políticos como a ex-senadora Marina Silva (PV), os deputados federais Ricardo Tripoli (PSDB-SP), Paulo Teixeira (PT-SP) e Ivan Valente (PSOL-SP), o MST e as organizações Greenpeace, WWF e, como não poderia faltar, Pau Brasil.

Na ocasião, Marina falou do compromisso dos dez ex-ministros do Meio Ambiente de entregarem, na manhã de hoje, a carta à presidente Dilma pedindo veto às mudanças propostas, como de fato foi feito. “Não vemos, na proposta de mudanças do Código Florestal aprovada pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados em junho de 2010, nem nas versões posteriormente circuladas, coerência com nosso processo histórico, marcado por avanços na busca da consolidação do desenvolvimento sustentável. Ao contrário, se aprovada qualquer uma dessas versões, o país agirá na contramão de nossa história e em detrimento de nosso capital natural”, afirmam os ex-ministros na carta aberta, assinada na segunda-feira (23).

Saiba mais

Entenda o ´novo´ Código Florestal,
por Karina Miotto e Paulo André Vieira

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