Dentão ou vermelho pode atingir 80cm em profundidades mais baixas, mas sua maturidade sexual é atingida aos 35cm. Foto: Daniel Filgueiras |
Coral Mussismilia braziliensis faz uma sombra para um dentão (Lutjanus jocu) em Abrolhos. Foto: Amanda Ercília |
A pesquisa é inédita e foi realizada na região do Parque Nacional Marinho de Abrolhos (os recifes) e no complexo de mangues existente entre o município de Caravelas e o de Nova Viçosa, no litoral sul da Bahia. Os dados comprovam a conexão entre esses dois ambientes intermediado pelos recifes mais próximos do continente em diferentes momentos da vida dessa espécie. O dentão, o vermelho fazem parte da família dos lutjanidae, integrada também ariocós, caranhas, pargo, guaiuba, ciobas. Peixes de escamas, carne branca, poucas espinhas e sabor suave – daí o alto valor comercial.
Quando maiores têm necessidade de outros alimentos e se dirigem ao mar. Está maduro sexualmente quando ultrapassa os 35cm. Nesse momento, se dirige para as agregações na quebra da plataforma, explica o professor Ronaldo Bastos Francini-Filho (Universidade Federal da Paraíba).
Ele é um dos autores do trabalho encabeçado por Rodrigo Leão de Moura (Universidade Estadual de Santa Cruz) e que também contou com Carolina Viviana Minte-Vera (Universidade Estadual de Maringá), Eduardo Chaves (Universidade Estadual de Santa Cruz) e Kenyon Lindeman (Florida Institute of Technology).
Além da contribuição para biólogos e engenheiros de pesca na academia, a pesquisa serve de subsídio científico contra as ameaças que costumam rondar o litoral sul da Bahia, mais especificamente entre Caravelas e Abrolhos. Até a criação da Reserva Extrativista de Cassurubá, um projeto com pretensões de ser a maior criação de camarão do mundo estudava se instalar na região. A nova ameaça é o risco da Agência Nacional de Petróleo (ANP) inclua as imediações de Abrolhos nos leilões de blocos para prospecção da matriz energética.
Recifes profundos, peixes maiores
A pesquisa revelou os diferentes estágios do dentão: menor nos estuários, intermediário nos recifes costeiros e maior em Abrolhos. Nos recifes mais profundos são encontrados os maiores dentões entre 70 e 80cm. “Esses indivíduos são os maiores responsáveis pela recolonização da espécie, pois quanto maior o peixe, sua capacidade reprodutiva é exponencialmente maior”, detalha Ronaldo Francini-Filho.
O apoio financeiro para as pesquisas foi feito pela CI-Brasil e National Geographic Society, a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia, além do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq). O trabalho já foi publicado na edição de setembro da publicação Estuarine, Coastal and Shelf Scienc.
Leia também
Congresso aprova marco da eólica offshore com incentivo ao carvão
Câmara ressuscitou “jabutis” da privatização da Eletrobras e assegurou a contratação, até 2050, de termelétricas movidas a gás e carvão. Governo estuda veto →
Paul Watson, ativista contra a caça de baleias, deixa prisão na Groenlândia
O canadense, fundador de ONGs como Greenpeace e Sea Shepherd, estava preso há 5 meses por acusações do Japão relacionadas a embate com navio baleeiro, em 2010 →
ESEC Murici, em AL, fica mais de 2 meses sem fiscal após afastamento de chefe da unidade
Analista foi afastado da fiscalização por ação que culminou na demolição de terreiro em parque na Bahia; ele alega não ter percebido uso religioso do local e não ter tido direito à defesa →