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Alarme falso

Notícia sobre tubarão sem um pouquinho de carga dramática não tem graça. No dia 7 de abril, jornais do Rio exibiram fotos de um amontoado de 16 tubarões capturados por uma traineira nos mares de Búzios. A informação dava conta de que eles eram da espécie cabeça-chata, "uma das mais agressivas", e não descartava o "risco de se aproximarem das praias". Antes que os banhistas de Búzios saiam correndo do mar aos gritos, o biólogo marinho Marcelo Szpilman, diretor do Instituto Ecológico Aqualung e do Projeto Tubarões no Brasil, vem a público desfazer o mal entendido. Em primeiro lugar, os tubarões não eram cabeças-chatas, e sim galhas-pretas (Carcharhinus brevipinna), espécie não agressiva. Marcelo faz questão de lembrar também que nos últimos 84 anos só houve 9 ataques de tubarão no estado do Rio, e que as verdadeiras vítimas são eles. "Centenas de tubarões de diversas espécies são capturados todos os dias em nosso litoral". E isso não é bom. "Capturar uma quantidade muito grande de tubarões em um dia e em uma mesma área torna essa pesca insustentável e pode-se criar um forte desequilíbrio na cadeia alimentar da região", afirma. Como a exportação das barbatanas de tubarão é negócio valioso, o especialista acredita que o alarmismo quanto a risco de ataques esconde a intenção de "obter o aval da população local para essa ‘matança dos comedores de homens’".

Lorenzo Aldé ·
10 de maio de 2005 · 20 anos atrás
  • Lorenzo Aldé

    Jornalista, escritor, editor e educador, atua especialmente no terceiro setor, nas áreas de educação, comunicação, arte e cultura.

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