Notícias

Temperatura e não turismo reduz população de pinguins

Na Antártica, novo censo feito em ilha turística associa ao aquecimento do clima um declínio de 50% na população de pinguins-de-barbicha.

Vandré Fonseca ·
18 de novembro de 2012 · 12 anos atrás
Ninho de pinguins-de-barbicha na Antártica. Foto: Liam Quinn/Flickr
Ninho de pinguins-de-barbicha na Antártica. Foto: Liam Quinn/Flickr

Manaus, AM – Uma equipe de pesquisadores americanos confirmou o declínio acentuado da população de pinguins-de-barbicha (Pygoscelis antarcticus) e concluiu que este é consequência do aumento da temperatura na região. O estudo pago pela Fundação Nacional da Ciência dos Estados Unidos foi publicado no jornal Polar Biology.

Sob condições extremas de vento e chuva, os pesquisadores realizaram um censo nas colônias de pinguins encontradas na Ilha Decepção, um dos principais pontos turísticos do continente. Eles encontraram 79.849 casais férteis da espécie na ilha, incluindo mais de 50 mil pares em Bailey Head, onde está a maior colônia. Os dados foram comparados com uma estimativa da população de pinguins em anos anteriores.

“Há fortes envidências de um significante declínio, maior do que 50%, na abundância dos pinguins-de-barbicha férteis em Baily Head, desde 1986/1987”, afirma o fundador da organização não-governamental Oceanites, Ron Naveen, responsável pela supervisão do censo na Ilha Decepção.

A conclusão é que a rápida diminuição no número de pinguins adultos está relacionada à mudanças no clima e não à presença de turistas. De acordo com os pesquisadores, a temperatura média anual na Antártica aumentou 3 graus Celsius nos últimos 60 anos, enquanto a temperatura no inverno ficou 5 graus Celsius mais quente.

Outro ponto destacado pelos pesquisadores é que o declínio desses pinguins em Baily Head segue a tendência de redução da população dessa espécie em outras áreas, incluindo locais que recebem poucos ou nenhum turista. “Se o turismo tem tido um impacto negativo nessa população, ele é muito pequeno para ser detectados em um contexto de mudança climática”, afirma um dos autores do artigo, Heather Lynch, da Universidade de Stony Brook.

A população de duas das três espécies de pinguins predominantes na península – pinguim-de-barbicha e pinguim-de-adélia (P. adeliae) – estão declinando. “Em contraste, os pinguins-gentoo (P. Papua) estão expandindo em número e área de ocorrência. Estas reações divergentes são um foco para nossos esforços de inventário”, diz Naveen.

Imagens de satélite de alta resolução também confirmam que a população dos pinguins-de-barbicha está caindo. Comparações feitas em um período de 7 anos, entre entre os verões de 2003 e 2010, sugerem uma redução de 39% do número de pinguins adultos em Bailey Head.

Leia também

Colunas
4 de novembro de 2024

Governança de resíduos sólidos: como o seu município está performando?

A gestão participativa é crucial para melhorar a atuação dos municípios brasileiros. Índice indica a situação e os desafios da governança de resíduos sólidos nos 5.570 municípios do país

Salada Verde
4 de novembro de 2024

Após questionamentos sobre perfuração na Foz do Amazonas, autoridades do AP atacam Ibama

Senador Davi Alcolumbre (UNIÃO) acusou órgão de “boicote contra o Brasil” após reunião com Randolfe, governador Clécio Luís e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard

Reportagens
4 de novembro de 2024

O sonho que tirou o mico-leão-preto da beira da extinção

Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto completa 40 anos e celebra resultados de ações de monitoramento, manejo, restauração da Mata Atlântica e engajamento comunitário

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.