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Para reduzir os custos e viabilizar as ações de proteção aos leões na África, especialistas estão propondo que os habitats onde os animais vivem sejam isolados e os seres humanos sejam mantidos fora destas áreas. Em ambientes compartilhados pelas duas espécies, os leões levam a pior. São ameaçados por pastores irritados com ataques a animais de criação, sofrem concorrência por presas e com a perda e fragmentação dos habitats.
A proposta está no relatório Conserving large carnivores: dollars and fence (Conservando grandes carnívoros: dólares e cercas), publicado esta semana no jornal científico Ecology Letters. Foram utilizados dados coletados em 11 países, para comparar os custos de manejar habitats cercados e áreas livres, levando em consideração também a densidade de populações e as ameaças que afetam os leões.
A avaliação demonstrou que nas áreas cercadas, os custos de conservação são baixos, ao mesmo tempo em que o tamanho e densidade das populações de leões se mantêm maiores, se comparadas às áreas não cercadas. No final do ano passado, outro estudo já havia demonstrado que o habitat dos leões na África atualmente equivale a apenas 25% da área original. A população do rei da selva caiu de aproximadamente 100 mil animais na década de 1960 para cerca de 32 mil nos dias de hoje.
Existem iniciativas de sucesso que têm contribuído para proteger leões condenados a compartilharem o mesmo ambiente que populações humanas, como os Programas Leonardo e os Guardiões de Leões, ambos da Fundação Panthera. O problema é o custo. Para os pesquisadores, não importa se foram usadas cercas ou zonas de amortecimento administradas com rigor, separar leões dos seres humanos é essencial para a sobrevivência dos grandes felinos.
Os autores do estudo afirmam que se não forem tomadas medidas urgentes, aproximadamente metade das populações selvagens da África pode se aproximar da extinção dentro de um intervalo de 20 a 40 anos. O relatório foi preparado sob a liderança do professor Craig Packer, da Universidade de Minnesota, e contou com a participação de um grande time de biólogos, entre eles o presidente da Fundação Panthera, Luke Hunter, e o diretor do Programa Leão, Guy Balme.
“Ninguém quer colocar mais cercas em volta das maravilhosas áreas selvagens da África, mas sem um incremento imediato e massivo no compromisso para conservação do leão, nós poderemos ter pouca escolha”, afirma Luke Hunter.
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Artigo: Conserving large carnivores: dollars and fence
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