Na sexta-feira 10 de maio, cientistas da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), agência norte-americana de controle da atmosfera, informaram que a concentração de dióxido de carbono (CO²) ultrapassou o temido marco de 400ppm (partes por milhão) na atmosfera, uma concentração que, estima-se, a Terra não vê há 3 milhões de anos. Os pesquisadores apontavam este limiar como o pico máximo antes que os efeitos do aquecimento global se tornassem perigosos.
O dióxido de carbono (CO²) captura calor na atmosfera. Ele é o principal causador do aquecimento global, fenômeno que muitos já consideram responsável pelas mudanças climáticas observadas recentemente: fortes tempestades, furacões, ondas gigantes, além dos verões e invernos mais rigorosos. Os cientistas acreditam que essa ultrapassagem prenuncia grandes mudanças no clima e no nível do mar.
A nova medida veio dos instrumentos de análise no topo do vulcão Mauna Loa, na ilha do Havaí, que tem sido o marco zero para acompanhar a tendência mundial de concentração de dióxido de carbono. Os dispositivos ali instalados coletam amostras do ar livre de poluentes, soprado através do Oceano Pacífico, proporcionando o melhor registro do aumento do nível de CO² no globo (veja o gráfico acima).
“Isto simboliza que, até agora, falhamos miseravelmente na resolução deste problema”, disse Pieter Tans P., diretor do programa de monitoramento da NOAA.
“Não há como impedir que a quantidade de CO² atinja 400 ppm”, disse Ralph Keeling, pesquisador do Instituto Scripps de Oceanologia (Scripps Institution of Oceanography), de San Diego, que conduz um programa de monitoramento paralelo ao NOAA. Dr. Keeling é filho de Charles David Keeling, pioneiro que começou as medições rotineiras de CO² no topo do Manua Loa e em outras localidades, no fim da década de 50. “Isso agora é passado. Mas o que acontece daqui em diante ainda importa para o clima, e ainda está sob nosso controle. E principalmente se resume a quanto continuamos a depender de combustíveis fósseis para a energia”.
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