O Formigueiro-do-litoral (Formicivora littoralis) é uma ave que só pode ser encontrada Mata Atlântica, numa estreita faixa de restinga ainda existente na Região dos Lagos, no Estado do Rio de Janeiro. Também conhecido na área como “Com-com” ou “Conconha”, é considerado como a única ave endêmica do ambiente de restinga. Embora a espécie tenha sido descoberta pela primeira vez em 1951, apenas foi descrita quase 40 anos depois e, desde então, não foram realizados suficientes estudos sobre a sua biologia.
O formigueiro, em média, mede 14 cm de comprimento e pesa 15 gramas. A espécie apresenta dimorfismo sexual, manifestado na plumagem: o macho é negro com detalhes em branco nas asas e na cauda, que é adornada por pequenos círculos; a fêmea tem a face clara, coberta por uma “máscara” negra sobre os olhos; o dorso é castanho e o ventre, bem claro.
Como as demais espécies do gênero Formicivora, formigueiros-do-litoral são monogâmicos, formando casais que estabelecem e defendem vigorosamente territórios, que são mantidos ao longo de todo o ano. Por habitar as restingas e formações litorâneas do litoral fluminense, preferem as áreas próximas à praia, onde a vegetação é espinhosa, formando uma frágil, mas quase impenetrável, muralha de galhos secos, rica em cactos e bromélias. Seus ninhos, em forma de cesto, são construídos com fibras vegetais, cascas de árvores e teias de aranha, por ambos os membros do casal, que também se revezam na incubação dos ovos e na criação dos filhotes.
Apesar do nome, o formigueiro não vive apenas à caça de formigas. Sua dieta também inclui, entre outros, pequenos invertebrados que vivem na restinga (larvas, mariposas, coleópteros) e frutos que ali se desenvolvem. Ocasionalmente, forrageiam junto a outras aves insetívoras, em bandos mistos, especialmente em porções de restinga arbórea.
Embora seja localmente abundante em habitat apropriado e capaz de persistir em pequenas áreas isoladas de hábitat remanescente, acredita-se que sua população total deve ser pequena e certamente declinou muito nos últimos dez anos, em decorrência da expansão imobiliária na sua área de ocorrência. Entre a descrição da espécie e sua imediata inclusão em listas de espécies ameaçadas de extinção no Brasil, no início da década de 1990, nenhuma medida efetiva de proteção foi tomada.
A especulação imobiliária na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, tem sido a maior causa da destruição das restingas e, portanto, da ameaça de extinção do formigueiro-do-litoral. É comum que áreas litorâneas próximas a grandes centros urbanos sejam altamente valorizadas como áreas de veraneio e lazer de finais de semana, além de abrigar uma populações humanas residentes em franco crescimento. Em decorrência disso, é contínua a redução e fragmentação de seus habitats.
Espécie considerada criticamente em perigo pelo ICMBio, e ameaçada pela IUCN, sua sobrevivência depende da conservação das restingas, ameaçadas pela ocupação irregular, especulação imobiliária e empreendimentos turísticos mal planejados na região.
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