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Tudo azul: Borboleta Morpho

Confundida por toda a América Latina como um único animal, na realidade trata-se de 29 espécies distintas de borboletas.

Redação ((o))eco ·
26 de setembro de 2013 · 11 anos atrás

O dorso e o ventre de uma borboleta da espécie [i]Morpho rhetenor[/i]. Crédito: Didier Descouens/Wikimedia Commons.
O dorso e o ventre de uma borboleta da espécie [i]Morpho rhetenor[/i]. Crédito: Didier Descouens/Wikimedia Commons.

A confusão que o público em geral faz em relação às borboletas do gênero Morpho se deve ao fato de que suas deslumbrantes asas são predominantemente azuis. Um característica bem comum nas 29 espécies e 147 subespécies descritas até hoje, todas encontradas nas florestas tropicais da América Central e da América do Sul, distribuídas pelo Brasil, Costa Rica, Guiana e Venezuela e México.

O brilhante azul (por vezes verde) metálico das asas não é resultado de pigmentação, mas provocado pela refração da luz em minúsculas escamas transparentes, inseridas nas asas da borboleta. As microscópicas escamas que compõem as suas asas refletem repetidamente a luz incidente em várias camadas sucessivas, criando efeitos de cor observados. A estrutura em lâminas das asas destas borboletas é tão peculiar que, inclusive, foi estudada como modelo para desenvolvimento de tecidos, tintas sem corantes e tecnologia antifalsificação para uso em notas de dinheiro.

Mas as escamas microscópicas estão presentes apenas na parte superior das asas. A parte inferior é predominantemente castanha e decorada com ocelos, regiões circulares de pigmentos escuros que formam padrões que lembram, um tipo de mimetismo.

Outra característica das asas destas borboletas são o tamanho avantajado em relação ao corpo. As borboletas Morpho podem ter uma envergadura de pouco mais de 7cm à impressionantes 20 cm (uma régua escolar).

Asas tão grandes resultam num padrão de voo lento e saltitante mas que geram um efeito benéfico para o animal: a parte superior azul “pisca”, uma vez que se alterna com a superfície inferior escura. Isto dificulta que seja acompanhada por aves no ar. Se encontrada, fecha suas asas, expondo os ocelos: os “olhos” ou enganarão o potencial predador fazendo-a parecer com um animal não comestível, maior ou até mesmo perigoso; ou atrairá a atenção do predador para longe das áreas mais vulneráveis do seu corpo, permitindo sua fuga.

Embora as asas do gênero Morpho sejam predominantemente azuis, existem um número de outras espécies dotadas de asas de outras cores: laranjas-torrados, fulvos ou castanhos-escuros para a M. hecuba e a M. telemachus; brancas, como a M. catenarius, a M. laertes e a raríssima M. sulkowskyi, que exibe também purpura e verde iridescente.

No Brasil, as mais comuns são as espécies Morpho rhetenor e Morpho anaxibia. A primeira destaca-se como a mais brilhante entre as que possuem azuis metálicos. Já a M. anaxibia é uma espécie endêmica do país, chamada vulgarmente de azul-seda, corcovado (muito comum no Centro-Sul e Sudeste) ou azulão.

São borboletas de hábitos diurnos: os machos passam as manhãs em patrulha ao longo de cursos e rios. São territoriais e perseguirão qualquer rival. Mas é comum estarem sós, exceto na época de acasalamento.

As lagartas Morpho, como das demais borboletas, passam por cinco estágios larvais, tornando-se em seguida uma crisálida. uma curiosidade, de coloração predominantemente verde, a crisálida emite um repulsivo som ultrassônico quando perturbada, passando todo o seu tempo, até eclosão, pendurada de um ramo ou outra estrutura da planta. No total, o ciclo de desenvolvimento dura 115 dias, de ovo até adulto.

As borboletas Morpho não se encontram na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção da IUCN. Para o ICMBio, entretanto, as espécies Morpho menelaus eberti e Morpho epistrophus nikolajewna, que ocorrem na Zona da Mata Nordestina (Paraíba, Pernambuco e Alagoas), são classificadas como Em Perigo devido à perda e degradação dos habitats naturais.

 

 

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