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Alerta para extinção das jaguatiricas na Mata Atlântica

Levantamento sobre jaguatiricas indica que situação deste predador é preocupante. Principal ameaça é a concorrência com caçadores.

Vandré Fonseca ·
13 de maio de 2014 · 11 anos atrás

A jaguatirica é o terceiro maior felino da América Tropical, mas sofre com a redução de habitat e redução de presas na Mata Atlântica. Foto: Haroldo Palo Jr./Fundação Boticário
A jaguatirica é o terceiro maior felino da América Tropical, mas sofre com a redução de habitat e redução de presas na Mata Atlântica. Foto: Haroldo Palo Jr./Fundação Boticário

Manaus, AM – O Parque Estadual da Serra do Mar, em São Paulo, abriga apenas 160 jaguatiricas (Leopardus pardalis) um número preocupante segundo os responsáveis pelo levantamento. O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que apontam a competição com caçadores como uma das principais responsáveis pela redução das populações da espécie na Mata Atlântica.

“O Parque Estadual da Serra do Mar tem 315 mil hectares e sofre com a caça ilegal, então, o maior problema que eu vejo é a redução da quantidade de indivíduos pela falta de alimento, pois as pessoas caçam e eliminam as presas naturais das jaguatiricas, como roedores, tatus, aves, gambás e macacos”, disse Fernando Fernandez, um dos autores do estudo. De acordo com ele, a situação ainda não é desesperadora, mas requer cuidados. Fernandez acrescenta que não existe um número específico de indivíduos que caracterize o perigo de extinção.

A jaguatirica é o terceiro maior felino da América, chegando a medir 1,35 metro (com a cauda) e pesa entre 8 e 16 quilos. O Plano de Ação Nacional de Conservação de Pequenos Felinos, do ICMBio, indica que a jaguatirica sofre pressão também devido a alterações no habitat e outras ações do homem, como expansão agrícola, silvicultura e queimadas. A falta de informações sobre a espécie, de acordo com o documento, dificulta a aplicação de ações de conservação.

Os felinos foram identificados pelo padrão de manchas nos pelos, a partir de imagens obtidas em armadilhas fotográficas. “Fazemos captura, marcação e recaptura fotográfica (visualização por meio de armadilhas fotográficas). A primeira vez que você detecta um bicho é como se o estivesse capturando e quando o detecta novamente é como se o estivesse recapturando”, diz Fernandez. O projeto é financiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

Por ser um predador de topo da cadeia alimentar, a jaguatirica tem um papel importante na manutenção de ecossistemas. A espécie é classificada como vulnerável na lista do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e existem poucas populações remanescentes na Mata Atlântica.

Os pesquisadores destacam que a presença dela está associada à cobertura vegetal e, por isso, é muito sensível também à perda de habitat. Eles escolheram o Parque Estadual da Serra do Mar para o projeto porque é a maior Unidade de Conservação integral da Mata Atlântica e também está localizada na maior área contínua preservada do bioma no Brasil. O resultado da pesquisa será entregue, junto com recomendações para a conservação da jaguatirica, à direção do Parque Estadual da Serra do Mar.

 

 

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Comentários 5

  1. Alberto diz:

    Vi uma ontem 4/10/2020 perto de Paranapiacaba .Estava treinando em trilha e ela passou pela minha frente. Era linda esguia.


  2. Ricardo Porto diz:

    Sou leigo porém apreciador dos hábitos destes felinos. Recentemente, novembro e dezembro de 2016, dois gatos do mato apareceram na minha propriedade, no Sana, distrito na serra de Macaé, RJ. Com certeza eram indivíduos diferentes. O primeiro, que surgiu por volta de 16h30 perto de uma área de mata, se parecia mais com uma sucuarana. Mais de um metro de comprimento e pelo castanho claro. O segundo, bem menor, apareceu no meio da horta, talvez atraído por uma coelha que estava presa num cercado. Este era pintado, poderia ser um filhote. Em 25 anos que frequento a região nunca tinha visto gatos assim. Como neste período incentivei o crescimento do arboreto no entorno, deixando a floresta avançar, creio que isso tenha tido alguma influência. Infelizmente, tudo foi rápido e não pude fotografá-los.


  3. Rodrigo diz:

    Ou seja, mais um estudo mostrando que as jaguatiricas estão seguindo o caminho das onças na Mata Atlântica. Vejam por exemplo: Massara, R. L., Paschoal, A. M. O., Doherty, P. F., Jr., Hirsch, A., & Chiarello, A. G. (2015). Ocelot population status in protected Brazilian Atlantic Forest. PLoS One, 10, e0141333.

    Triste cenário. Temos que tomarmos como exemplo a situação da Europa. Lá os predadores de topo (urso-pardo, lobo-cinzento e wolverine) estão retornando aos habitats naturais. Este retorno, entretanto, não se deve à criação de novos UC's, mas sim na forma de manejo, tomada de decisões e uma nova consciência. Vejam, por exemplo: Chapron, G., Kaczensky, P., Linnell, J. D., von Arx, M., Huber, D., Andren, H., . . . Boitani, L. (2014). Recovery of large carnivores in europe's modern human-dominated landscapes. Science, 346, 1517-1519.


  4. gustavo diz:

    Tenho vários registros de jaguatiricas, todas filmadas em áreas vizinhas ao parque estadual da Serra do Mar, são bastante comuns por aqui, só são difíceis de serem avistadas.


  5. Gustavo diz:

    Só 160 jaguatiricas em toda a extensão da serra do mar ? Que bosta de trabalho científico é esse ?