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Copa do Mundo das áreas protegidas: Austrália

Se o futebol não é o seu forte, no campo da conservação marinha a Austrália costuma ganhar de goleada. Conheça as áreas protegidas dos Socceroos.

Paulo André Vieira ·
17 de junho de 2014 · 10 anos atrás

Apesar de ser a detentora do recorde de placar mais elástico em uma partida entre seleções, surrando a Samoa Americana por 31 x 0 em 2001, a seleção australiana de futebol nunca teve muito sucesso durante suas participações em Copas do Mundo, nunca passando das oitavas de final. Nesta edição já começou com o pé esquerdo, perdendo do Chile na estréia, e suas chances contra os outros adversários do grupo, Holanda e Espanha, são extremamente modestas.

Por outro lado, no campo das áreas protegidas, a Austrália não tem do que se envergonhar. Suas unidades de conservação protegem 89.528.800 hectares, o que corresponde a aproximadamente 11% de todo seu território. E quando o assunto é proteger as áreas marinhas a Austrália ganha de goleada, com mais de 28% de todas as suas área marinha sendo protegidas.

E a Austrália sabe muito bem o quanto ela ganha quando protege o meio ambiente. Segundo cálculos do Departamento de Meio Ambiente e Patrimônio australiano, os ecossistemas terrestres australianos estão avaliados em cerca de 245 bilhões de dólares por ano, enquanto os ecossistemas marinhos chegam a incrível soma de 640 bilhões por ano. Estima-se, por exemplo, que a contribuição do koala para a indústria do turismo australiano foi de 1,1 bilhões dólares em 1996 graças ao seu papel icônico na atração de turistas internacionais.

Criado em 1879, o Royal National Park é o segundo parque nacional mais antigo do mundo (depois de Yellowstone, nos EUA), e o primeiro a usar o termo “parque nacional”. Localizado no estado de Nova Gales do Sul, possui uma área de 15.091 hectares e mais de 100 quilômetros de trilhas que podem ser percorridas a pé, sendo que algumas delas permitem também o uso de bicicletas. A trilha mais popular é a Cost Walk, que contorna a borda oriental do parque e oferece excepcionais paisagens costeiras. O parque contém uma grande variedade de terrenos, com paisagens que variam de falésias costeiras entremeadas por praias e pequenas enseadas até um antigo planalto rasgado por extensos e profundos vales fluviais. Muitas espécies de aves habitam o parque, como as cucaburras (Dacelo novaeguineae), além de alguns dos mamíferos típicos da austrália como o koala (Phascolarctos cinereus) e o dingo (Canis lupus dingo).

O Parque Nacional Kakadu está localizado no Território do Norte e cobre uma área de 198.040 hectares. Criado em 1979, foi reconhecido pela UNESCO como um patrimônio mundial, devido às gravuras rupestres aborígenes e ao ecossistema com rica biodiversidade. O nome vem da pronúncia errada de “Gaagudju”, que é o nome de um idioma aborígene que costumava ser falado na parte norte do parque. Os diversos ambientes do Parque Nacional de Kakadu suporta uma grande variedade de animais, muito deles raros, ameaçados de extinção, vulneráveis ​​ou endêmicos. Cerca de 74 mamíferos foram registrados no parque, incluindo várias espécies de cangurus, wallarus e wallabies. Apesar do fato de que Kakadu suporta mais de 10.000 espécies de insetos, essas criaturas são frequentemente ignorados pelos visitantes. Os cupinzeiros encontrados nos montes na parte sul do parque impressonam por seu tamanho.

Outro parque importante é o Parque Nacional Uluru-Kata Tjuta, também localizado no Território Norte. O famoso monólito de arenito Uluru (também conhecido como Ayers Rock) encontra-se dentro do parque e empresta a ele seu nome. Com 348 metros de altura, possui várias inscrições feitas por antigos povos indígenas. O desenvolvimento de infra-estrutura turística adjacente à base de Uluru começou na década de 1950, mas logo começou a produzir impactos ambientais adversos. No início de 1970 todas as instalações turísticas foram removidas para fora do parque. Em 1985 o governo australiano devolveu a propriedade de Uluru aos aborígines Pitjantjatjara locais, com a condição de que ele fosse alugado de volta ao departamento de Parques Nacionais e Vida Selvagem por 99 anos, sendo administrado em conjunto com os aborígenes. O parque é classificado como um dos mais importantes ecossistemas terrestres áridas do mundo, além de ser reconhecido pela UNESCO como um patrimônio mundial. O parque tem uma rica fauna de répteis, com mais de 70 espécies tendo sido registradas, e quatro espécies de sapo são abundantes na base dos monólitos de arenito após as chuvas de verão.

Por fim, não poderíamos falar de áreas protegidas na Austrália e não mencionar o Parque Marinho da Grande Barreira de Coral. Criado em 1975, protege uma área de 34.500.000 hectares onde a pesca e a remoção de artefatos ou animais selvagens (peixes, corais, conchas do mar) é estritamente regulamentado, e o tráfego marítimo comercial deve se ater a certas rotas marítimas específicas que evitem as áreas mais sensíveis do parque. A Grande Barreira de Corais é o maior agrupamento mundial de corais e outras espécies marinhas exóticas, abrigando uma rica biodiversidade, incluindo muitas espécies vulneráveis ​​ou ameaçadas de extinção, alguns dos quais podem ser endêmica do sistema de recife. É uma das sete maravilhas do mundo natural, sendo maior do que a Grande Muralha da China e o único dos seres vivos na terra visível do espaço. Seis espécies de tartarugas marinhas vêm para o recife para procriar, e crocodilos de água salgada vivem em manguezais e pântanos de sal na costa perto do recife. 215 espécies de aves (incluindo 22 espécies de aves marinhas e 32 espécies de aves costeiras) visitam o recife ou fazem seus ninhos nas ilhas dentro da área do parque.

Veja abaixo algumas das figurinhas carimbadas das unidades de conservação da Austrália.

Parque Marinho da Grande Barreira de Coral - Tartaruga-verde
Parque Marinho da Grande Barreira de Coral – Tartaruga-verde

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  • Paulo André Vieira

    Produtor Editorial formado pela UFRJ, atua em ((o))eco desde 2007 escrevendo sobre geojornalismo e cuidando da edição e gestão do site.

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