Na Amazônia, nada é tímido. Ao contrário, tudo parece tomar proporções míticas: o maior bioma do Brasil cobre um território de 4,196.943 milhões de km², onde crescem 2.500 espécies de árvores – 1/3 de toda a madeira tropical do mundo – e 30 mil espécies de plantas (das 100 mil da América do Sul). O bioma representa mais da metade das florestas tropicais remanescentes e compreende a maior biodiversidade em uma floresta tropical no planeta.
Também compreende a maior bacia hidrográfica do mundo com cerca de 6 milhões de km² e tem 1.100 afluentes. O rio Amazonas corta a região para desaguar no Oceano Atlântico, lançando ao mar cerca de 175 milhões de litros d’água a cada segundo. O mais extenso e caudaloso rio do mundo, nasce na Cordilheira dos Andes, no lago Lauricocha, Peru e ao longo de seu percurso, ele recebe os nomes Tunguragua, Apurímac, Marañón, Ucayali, Amazonas (a partir da união do rios Marañon e Ucayali, no Peru), Solimões e novamente Amazonas (na união do rios Solimões e Negro), antes de se juntar ao oceano, nas proximidades da Ilha do Marajó, no Brasil.
A maior parte da floresta está contida em território brasileiro, que detém 60% da Amazônia, seguido pelo Peru com 13% e com fragmentos menores na Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e França (Guiana Francesa). No Brasil, o bioma ocupa cerca de 49,29% do território e abrange três (Norte, Nordeste e Centro-Oeste) das regiões do país.
Para efeitos de governança e política economia, a Amazônia é delimitada por uma área chamada “Amazônia Legal” definida a partir da criação da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), em 1966. Neste verde e vasto colosso de águas e florestas vivem mais de 33 milhões de pessoas, incluindo 1,6 milhão de povos indígenas de 370 etnias distintas, além de ribeirinhos, extrativistas e quilombolas.
A floresta garante a sobrevivência desses povos, fornecendo alimentação, moradia e medicamentos. Além disso, é economicamente relevante: estimativas situam a região como a maior reserva de madeira tropical do mundo, com recursos naturais (enormes estoques de borracha, castanha, peixe e minérios, para mencionar alguns) que representam uma abundante fonte de riqueza natural.
A proximidade à Linha do Equador determina o clima na floresta Amazônica: quente e úmido, com poucas variações de temperatura ao longo do ano. As chuvas são abundantes – o período chuvoso dura até 6 meses -, com as médias de precipitação anuais variando de 1.500 mm a 1.700 mm, podendo ultrapassar 3.000 mm na foz do rio Amazonas e no litoral do Amapá.
Sob a influência deste clima equatorial quente superúmido e úmido, a diversidade geológica da região, aliada ao seu relevo diferenciado (depressões, planaltos e planícies), resultou na formação do solo amazônico que, embora variado, é notório por sua baixa fertilidade natural, o que contrasta com a exuberância das florestas ombrófilas que nele se desenvolvem.
Isto se dá porque a floresta Amazônica é um ecossistema autossustentável. Toda sua diversidade e beleza se mantém em virtude de uma fina camada de nutrientes proporcionada pela biomassa da floresta (folhas, galhos e frutos senescentes), aliada ao regime de chuvas favorável e aos microrganismos que habitam o solo. Ou seja, é um sistema que se mantém com seus próprios nutrientes num ciclo permanente: um delicado equilíbrio entre flora e fauna que é extremamente sensível a quaisquer interferências.
Apesar de ser a característica mais marcante da Amazônia, a floresta não esconde a grande variedade de ecossistemas, dentre os quais se destacam: matas de terra firme, florestas inundadas, várzeas, igapós, campos abertos e cerrados. Com variação tão grande de habitats, a Amazônia acaba por abrigar uma infinidade de espécies vegetais e animais: cerca de 2,5 milhão de espécies de insetos, dezenas de milhares de plantas e cerca de 2.000 aves e mamíferos. Até o momento foram catalogadas pelo menos 40.000 espécies de plantas, 3.000 de peixes, 1.294 aves, 427 mamíferos, 428 anfíbios e 378 répteis. Estima-se que um em cada cinco de todos os pássaros no mundo vivem nas florestas tropicais da Amazônia. Biólogos já descreveram entre 96.660 e 128.843 espécies de invertebrados só no Brasil.
O grande bioma amazônico tem uma relevância que vai além de suas fronteiras: influencia diretamente o regime de chuvas do Brasil e da América Latina e é um fundamental sorvedouro de carbono, contribuindo para o equilíbrio climático global. Sua imensa cobertura vegetal estoca entre 80 e 120 bilhões de toneladas de carbono. A derrubada de árvores libera uma considerável parcela de dióxido de carbono na atmosfera.
Toda a grandeza Amazônica, entretanto, não é páreo à ação humana, cujos danos causados são muitas vezes irreversíveis. Dos tempos do Brasil Colônia até 1970, o desmatamento não passava de 1% de toda a floresta. Desde então, em apenas 40 anos, o número saltou para 17% – uma área equivalente aos territórios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Ao buscar integrar a região à economia nacional, o governo militar distribuiu incentivos para que milhões de brasileiros ocupassem aquela fronteira “vazia”. A corrida por terras deu espaço à grilagem e ao caos fundiário, questões que assombram até hoje.
Saiba Mais
Ministério do Meio Ambiente (MMA)
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Wikipedia (Amazônia)
Greenpeace Brasil
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