Notícias

A favor da exploração na Foz do Amazonas, Magda Chambriard assume presidência da Petrobras

“A gente não pode desistir da Margem Equatorial. Nesse ponto, meu foco é a Foz do Amazonas, pelo tipo de geologia”, disse. Conheça a nova comandante da estatal

Cristiane Prizibisczki ·
15 de maio de 2024

Magda Maria de Regina Chambriard, engenheira civil brasileira, servidora da Petrobras e ex-diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP), assumiu nesta quarta-feira (15) a presidência da petrolífera, após a demissão de Jean Paul Prates. Seu nome foi indicado para tentar resolver a celeuma criada entre Prates e o Ministro de Minas e Energia sobre dividendos da empresa.

Chambriard é especializada em exploração e produção de petróleo. É formada em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pós-graduada em Engenharia Química pela mesma universidade, em engenharia de reservatórios e avaliação de formações e também em engenharia de reservatórios e produção, pela Universidade Corporativa da Petrobras.

Trabalhou por 22 anos na Petrobras, onde ingressou como estagiária em 1980. Em 2001 mudou para a Agência Nacional de Petróleo (ANP), onde ficou até 2016. Ela integrou a equipe de transição do atual governo Lula e chegou a disputar a presidência da Petrobras, tendo perdido para Jean Paul Prates.

Suas opiniões sobre o futuro da exploração de petróleo no Brasil e a relação da atividade da estatal com o meio ambiente já foram expressas diversas vezes em artigos que ela publica na revista digital Brasil Energia e em entrevistas à imprensa.

Em setembro de 2023, por exemplo, em entrevista ao Estadão, a engenheira defendeu a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, dizendo ser essencial para a manutenção da produtividade da petrolífera. De acordo com ela, a exploração nas bacias de Campos e de Santos, que respondem hoje por 76% da produção diária de óleo e gás brasileiros, está caminhando para o esgotamento.

“A gente não pode desistir da Margem Equatorial. Nesse ponto, meu foco é a Foz do Amazonas, pelo tipo de geologia, pelo afastamento da costa, pelas águas profundas e pelo talude mais espesso. Indo para o Pará-Maranhão, que muitos defendem e que é possível que tenha alguma coisa boa lá, já é encontrado parcel”, disse. 

O ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, também defendia a exploração na Foz do Amazonas pela estatal.   

Em defesa do petróleo cru

Magda Chambriard também se mostrou favorável à continuidade da exploração de petróleo cru, como forma de garantir a competitividade do país no mercado internacional, e da exploração nos poços de pré-sal.

Por sua defesa contundente pela manutenção da exploração de petróleo e gás, a engenheira já entrou em embates com a pasta ambiental, ao criticar os processos de licenciamento no Ministério do Meio Ambiente e a recusa do Ibama sobre a exploração na Foz do Amazonas.

“É certo que não se pode ser inconsequente e licenciar a qualquer custo. Mas também é certo que se precisa estar mais preparado para enfrentar o desafio do licenciamento tempestivo, sob pena de condenar o Brasil à estagnação. O MMA não pode usurpar o poder de concessão da Presidência da República. Mas atualmente até projetos de licenciamento da já madura Bacia de Campos são penalizados por longos processos de licenciamento”, disse, em um dos artigos para a Brasil Energia.

Entenda o caso

Jean Paul Prates vinha sofrendo pressão de diferentes partes do governo Lula, desde o início da atual gestão, entre elas disputas de poder com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, que queriam ter mais poder de decisão sobre a estatal.

O desgaste se agravou após Silveira dar uma entrevista à Folha de S. Paulo admitindo o conflito com o CEO da petrolífera e dizendo que não ia abrir mão de sua autoridade sobre a companhia.

-Na sequência, Prates teria dado um “ultimato” no presidente Lula pela resolução do conflito, o que teria desagradado o petista.

A celeuma se deu em torno da distribuição dos dividendos extraordinários da Petrobras. Prates defendia a proposta de distribuir aos acionistas 50% dos recursos que sobraram no caixa após o pagamento dos dividendos regulares – R$ 43,9 bilhões. Já Silveira defendia a criação de um fundo de reserva, para melhorar as condições da empresa no requerimento de empréstimos.

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

Leia também

Rodrigo Agostinho durante cerimônia de posse como presidente do ICMBio. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil
Notícias
31 de maio de 2023

“Não adianta pressionar”, avisa presidente do IBAMA à Petrobras

Além de enfrentar o risco de esvaziamento de seu aparato por decisão do Congresso Nacional, o Ministério do Meio Ambiente enfrenta uma dura crise dentro do Poder Executivo

Reportagens
25 de maio de 2023

‘Não é viável a Petrobras apresentar um novo estudo em menos de dois anos’, diz oceanógrafo sobre bloco na foz do Amazonas

Professor da UFPA diz que Petrobras deveria ter feito novos estudos e apresentado uma modelagem de qualidade para explorar foz do Amazonas

Notícias
17 de maio de 2023

Ibama nega licença para Petrobras perfurar na bacia da foz do Amazonas

Alegando inconsistência no projeto, presidente do órgão acompanhou parecer da área técnica e negou licença para estatal realizar perfuração em área na bacia da Foz do Amazonas

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Comentários 1

  1. Tann diz:

    O ‘andar de cima’ numa briga íntima. Tudo bem. O que isso muda na prática? Dizem que ela é desnvolvimentista. Vou ler o livro da M. Gaspar sobre o Eike. Mas essa diferença na postura é o cerne da briga.
    Quem sabe sabe e quem não sabe…? Os dividendos… Talvez seja deselegante explicar isso no artigo. Ok. Mas o andar de baixo merece…