Notícias

“Não adianta pressionar”, avisa presidente do IBAMA à Petrobras

Além de enfrentar o risco de esvaziamento de seu aparato por decisão do Congresso Nacional, o Ministério do Meio Ambiente enfrenta uma dura crise dentro do Poder Executivo

Lucas Neiva ·
31 de maio de 2023

Além de enfrentar o risco de esvaziamento de seu aparato por decisão do Congresso Nacional, o Ministério do Meio Ambiente enfrenta uma dura crise dentro do Poder Executivo. Uma disputa entre a Petrobras e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) pela autorização da extração de petróleo no litoral do Amapá chegou a resultar na saída do senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), líder do governo no Congresso Nacional, da Rede Sustentabilidade, partido da ministra Marina Silva, que apoiou o parecer do Ibama pela rejeição do licenciamento ambiental do projeto da estatal petrolífera.

“Nesse caso específico, a negativa foi por questões técnicas, e não políticas. (…) O Ibama vai olhar cada empreendimento, e quando não houver viabilidade, não teremos a licença ambiental. Não adianta pressionar. O Ibama vai se debruçar sobre esse novo pedido, a equipe técnica do Ibama vai fazer a análise, mas a gente não tem prazo para que ela saia”, explicou Rodrigo Agostinho ao Congresso em Foco.

Mesmo com o elevado interesse da Petrobras na escavação, o presidente do Ibama acha pouco provável uma mudança no posicionamento do instituto com o novo relatório. “Esse licenciamento se arrasta desde 2014. Se fosse fácil, o próprio governo passado teria emitido essa licença. Ou seja: ela não foi emitida nem no governo Bolsonaro”, destacou.

Apesar da reação dura de Randolfe Rodrigues e da pressão da pasta de Minas e Energia, Rodrigo Agostinho conta não ter sofrido qualquer repressão do presidente Lula ou de Marina Silva, e acha pouco provável uma pressão futura. “O governo Lula tem grande comprometimento com a causa da sustentabilidade. Nunca tivemos um governo com tantos ministérios com áreas específicas para a sustentabilidade. Não tenho dúvida de que ela vai continuar no cerne das estratégias do governo atual”, afirmou.

Reação do Congresso

Poucos dias depois da disputa envolvendo a questão do Amapá, o Ministério do Meio Ambiente sofreu uma de suas mais duras perdas na década. Uma emenda à medida provisória de estruturação dos ministérios, que tramita na Câmara dos Deputados, retirou da pasta todo seu aparato de controle e gestão de recursos hídricos, sobre resíduos sólidos e sobre o sistema de cadastro ambiental rural.

Agostinho não considera a decisão do relator na Câmara, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), uma retaliação pela ação do Ibama. “Eu entendo que o parlamento tem uma outra agenda. Alguns temas que foram modificados no relatório já foram colocados na mesa antes, e já era de conhecimento de todos no ministério que havia uma série de situações que seriam colocadas, o que inclui o cadastro ambiental rural e a Agência Nacional de Águas”, avalia.

  • Lucas Neiva

    Repórter. Jornalista formado pelo UniCeub, foi repórter da edição impressa do Jornal de Brasília, onde atuou na editoria de Cidades.

Leia também

Salada Verde
7 de janeiro de 2019

Petrobras irá investigar vazamento de óleo na Bacia de Campos

Estatal afirma que uma comissão de investigação irá apurar as causas do derramamento que atingiu 38 quilômetros na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. Ibama e Marinha monitoram a área

Notícias
17 de maio de 2023

Ibama nega licença para Petrobras perfurar na bacia da foz do Amazonas

Alegando inconsistência no projeto, presidente do órgão acompanhou parecer da área técnica e negou licença para estatal realizar perfuração em área na bacia da Foz do Amazonas

Reportagens
25 de maio de 2023

‘Não é viável a Petrobras apresentar um novo estudo em menos de dois anos’, diz oceanógrafo sobre bloco na foz do Amazonas

Professor da UFPA diz que Petrobras deveria ter feito novos estudos e apresentado uma modelagem de qualidade para explorar foz do Amazonas

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Comentários 1

  1. Ictiólogo do Coroado MAO diz:

    Ibama: “Não adianta pressionar por licença!”
    Rio Xingu: “Çei!”
    Bagre do rio Madeira: “Tb çei!”