Notícias

Ibama nega licença para Petrobras perfurar na bacia da foz do Amazonas

Alegando inconsistência no projeto, presidente do órgão acompanhou parecer da área técnica e negou licença para estatal realizar perfuração em área na bacia da Foz do Amazonas

Daniele Bragança ·
17 de maio de 2023

O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, acompanhou parecer da área técnica e negou licença para a petroleira Petrobras realizar perfuração marítima no bloco FZA-M-59, na costa da cidade de Oiapoque (AP), na bacia da Foz do Amazonas. A decisão veio a público na noite desta quarta-feira (17), em nota publicada no site do órgão ambiental. 

Em despacho, o presidente do Ibama afirmou que a Petrobras não conseguiu sanar pontos críticos do projeto, que apresenta “inconsistências preocupantes para a operação segura em nova fronteira exploratória de alta vulnerabilidade socioambiental”.

Em 2018, o Ibama já havia negado o seguimento de licenciamento ambiental na mesma área. A licença era para a petroleira francesa Total E&P, que requeria pedido para perfurar cinco blocos na bacia da Foz do Amazonas. Após o indeferimento de todos os pedidos pelo Ibama, a petrolífera desistiu da operação. Em 2020, a Petrobras assumiu o controle dos blocos.

Falta avaliação 

A ausência de Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) é um dos motivos apontados para a dificuldade de se tomar decisão sobre futuras explorações petrolíferas na bacia. Ainda segundo o Ibama, a AAAS é uma análise estratégica que permite identificar áreas em que não seria possível realizar atividades de extração e produção de petróleo e gás em razão dos graves riscos e impactos ambientais associados.

“A ausência de AAAS dificulta expressivamente a manifestação a respeito da viabilidade ambiental da atividade, considerando que não foram realizados estudos que avaliassem a aptidão das áreas, bem como a adequabilidade da região, de notória sensibilidade socioambiental, para a instalação da cadeia produtiva do petróleo”, acrescenta o presidente do Ibama no despacho.

Blocos de exploração localizados na bacia sedimentar da foz do amazonas

O processo de licenciamento ambiental do bloco FZA-M-59 foi iniciado em 4 de abril de 2014, a pedido da BP Energy do Brasil, empresa originalmente responsável pelo projeto. Em dezembro de 2020, os direitos de exploração de petróleo no bloco foram transferidos para a Petrobras, que teve o pedido de licença definitivamente negado nesta quarta-feira.

Em nota, o Observatório do Clima comemorou a decisão do Ibama e lembrou que o momento é eliminar o uso dos combustíveis fósseis e de estabelecer e acelerar a transição justa: “Quem dorme hoje sonhando com a riqueza petroleira tende a acordar amanhã com um ativo encalhado, ou um desastre ecológico, ou ambos”, diz Suely Araújo, especialista-sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima.

  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

Leia também

Reportagens
17 de abril de 2023

Foz do Amazonas: Brasil deveria conduzir avaliação ambiental estratégica para mensurar impactos

Em entrevista a ((o))eco, autor de estudo recém-publicado conta que ferramenta permite identificar se área é apta ou não para exploração, e que medida nunca foi utilizada por completo no País

Notícias
27 de dezembro de 2018

Ibama não vai rever decisão sobre exploração no Foz do Amazonas

Em decisão definitiva, órgão manteve a negativa de licença para a petroleira francesa Total E&P realizar a exploração de petróleo na região. Não cabe recursos

Notícias
12 de abril de 2023

Sociedade civil pede que governo freie exploração de petróleo na foz do Amazonas

Oitenta organizações assinam documento enviado nesta quarta-feira (12) ao Executivo pedindo realização de estudos ambientais mais aprofundados na região

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.