Intérprete do misterioso peão Xeréu Trindade, o “Cramulhão”, na primeira versão da novela Pantanal, e do sábio chalaneiro Eugênio, que levava turistas para conhecer o bioma, no remake da produção, o cantor Almir Sater utilizou as redes sociais para denunciar o avanço da agricultura sobre o Pantanal. A declaração do artista sul-mato-grossense, que levou a música sertaneja do bioma às telas do País, se soma à campanha que quer proteger a planície pantaneira do avanço de monoculturas, como a soja.
“Isso é realmente muito preocupante. Eu não sou contra a soja, nem grandes lavouras, mas não aqui no Pantanal. Eu sou um produtor rural também”, declarou Sater nesta quarta-feira (20). O cantor disse que recebeu neste mês a visita do governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB-MS), na região do Pantanal do Rio Negro, onde expôs o temor.
“Levamos até ele a preocupação em relação à fragilidade do nosso bioma, vendo que as grandes lavouras estão chegando perto do Pantanal, algumas já estão dentro do Pantanal, lavoura de soja no Pantanal”, acrescentou.
O músico disse que esteve recentemente em Miranda, uma das microrregiões do Pantanal, onde foi informado que técnicos teriam constatado a presença de “veneno” na água. “Se tem na água, tem no peixe, se tem no peixe, tem na gente”, declarou.
O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) esteve no rio Miranda em fevereiro deste ano, após o registro da morte de peixes no curso d’água. Como mostramos, uma perícia elaborada pelo órgão indicaria se o fenômeno era natural ou provocado por agrotóxicos. Esse documento não foi tornado público, e nem sabe-se se foi concluído, mesmo após solicitação de informação ao Imasul e à ouvidoria do estado.
“Eu peço a sensibilidade das nossas autoridades, a sensibilidade da nossa população: nos ajudem a defender esse Patrimônio da Humanidade, para que no futuro o Pantanal continue cada vez melhor”, concluiu o cantor.
Projeto arquivado
No mês passado, um projeto de lei (PL) quis proibir a expansão e a abertura de novas áreas para monocultura, sobretudo de soja, no Pantanal sul-mato-grossense. Protocolado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALMS) pelo deputado estadual Pedro Kemp (PT-MS), a matéria foi arquivada neste mês após parecer contrário da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR).
“O projeto em análise apresenta restrição indevida na propriedade privada, ao impor limitações que extrapolam as normas gerais já fixadas pela legislação federal”, disse o documento. “Desse modo, conclui-se que o Projeto de Lei apresentado apresenta vício de inconstitucionalidade material, o que impede sua regular tramitação”, completou o parecer da comissão, composta majoritariamente por parlamentares que integram a Frente Parlamentar em Defesa do Agronegócio.
O arquivamento da matéria provocou revolta em setores da sociedade civil, que nesta terça-feira (18) realizaram uma manifestação na Casa de Leis do estado. Participaram do ato ambientalistas, professores e pesquisadores, como noticiou a mídia local, além do Instituto SOS Pantanal, que em março tinha dito que o PL era importante para garantir a proteção e o desenvolvimento sustentável do bioma.
Monocultura no Pantanal
No Pantanal, o avanço das lavouras temporárias saltou de 4,1 mil hectares (ha) em 1985 para 17,3 mil ha em 2021, um número quatro vezes maior. Os números são do levantamento de Uso e Cobertura do MapBiomas. Desse total, 605 ha são de soja identificados visualmente em duas regiões ao leste do bioma, conforme informou a equipe da rede colaborativa que monitora o Pantanal.
Se monoculturas também fossem proibidas na porção sul-mato-grossense do Pantanal, o bioma como um todo teria o plantio de soja proibido. Isso porque em Mato Grosso, o plantio de culturas de larga escala, como a cana e soja, já está proibido conforme determina a Lei nº 8.830/2008 – também conhecida como a Lei do Pantanal do estado.
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O Agro é pop e o pop não poupa nada e ninguém!
Não serão trechos e chamadas em novelas que irão frear a sanha e a fome da grana voraz no Pantanal.
É só questão de tempo. Tudo será engolido pelas atuais formas de agricultura…
A solução é e deverá ser a sensibilização internacional.
O avanço que tem se dado das lavouras de soja no pantanal sul-mato-grossense é público e notório. Vi com tristeza a tamanha desconfiguração e mutilação do ambiente natural que havia até pouco tempo na região de Bonito-MS,cartão postal do nosso país. Muito triste, pra não dizer muito grave.
O Problemas é o aumento da População Brasileira cada vez mais, vamos precisar de mais comida e água potável. E infelizmente não dá para equilibrar o meio ambiente com alta taxa de populações de humanos…..E também humanos são muito agressivo a natureza, faz parte do instinto do Homo sapiens sapiens, que de sábio estar longe de ser.
A APA dos Pequenos Lençóis Maranhenses e o Delta tem sido impactado por diversas atividades. Como dito na matéria a APA não protege nada. Inclusive foi construído um Parque Eólico dentro da unidade e vem sendo ampliado gradualmente. A poluição luminosa em toda região vem sendo um enorme problema tanto para fauna quanto para o homem. Vamos perdendo o céu escuro. A reportagem foi em 2005 e 2023 não temos nada para comemorar. Estamos aqui tentando resistir participando dos Conselhos das APAs mas a pressão é muito grande. Outro problema são os veiculos UTV que percorrem o campo de dunas com enorme poluição sonora perturbando várias espécie de aves.
Como dito a natureza resiste de forma diferente de vários destinos no mundo.
Salve o Delta do Parnaíba! Viva o Ecoturismo e o Turismo de Base Comunitária fortalecendo as comunidades tradicionais.
Vai dormir, Almir!!! Vc defende a sua fazenda!! Para de ser demagogo, cara!!! Quem te conhece, não te compra!!
O consumo de água é altíssimo(água utili + água perdida) nesses projetos do agronegócio e a taxa de recarga dos corpos d’água não acontecem na mesma proporção