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Austrália eleva meta climática e mira corte de até 70% das emissões até 2035

Metas para o país candidato a COP 31 têm foco na energia renovável, eletrificação da indústria e práticas de baixo impacto no campo

Karina Pinheiro ·
29 de setembro de 2025

País candidato a sediar à próxima Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (COP 31), que ocorrerá em 2026, a Austrália anunciou sua nova meta de redução de emissões no âmbito do Acordo de Paris. O compromisso, conhecido como NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada), estabelece a diminuição de 62% a 70% das emissões de gases de efeito estufa até 2035, em relação aos níveis de 2005.

A meta é mais ambiciosa que o compromisso anterior, com uma redução de 43% até 2030 e, de acordo com o primeiro-ministro, representa um “sinal claro” para investidores de que o país está comprometido em acelerar a transição energética.

A Austrália é, ao mesmo tempo, um dos maiores exportadores de carvão e gás natural do mundo e um dos países com maior potencial em energia renovável, especialmente solar e eólica. O dilema tem sido alvo de críticas internas e internacionais: como avançar em compromissos climáticos sem abrir mão da dependência econômica dos combustíveis fósseis?

O governo afirma que o novo plano climático busca justamente responder a essa questão. Intitulado de Net Zero Plan, o documento estabelece cinco prioridades: ampliar a geração elétrica limpa, eletrificar setores da economia, investir em combustíveis alternativos, acelerar novas tecnologias e expandir projetos de remoção de carbono.

Para cumprir a meta, a Austrália lançou também planos específicos para seis setores considerados decisivos. O plano australiano prevê que o setor de energia mantenha a meta de alcançar 82% de eletricidade renovável até 2030, com a necessária expansão da rede de transmissão. No transporte, o governo pretende acelerar a venda de veículos elétricos, ampliar a rede de recarga e estimular o uso de combustíveis de baixo carbono na aviação e no transporte marítimo. Já na indústria e na mineração, as medidas incluem a adoção de eletrificação, biocombustíveis e tecnologias de captura e armazenamento de carbono. Por fim, na agricultura e no uso da terra, a estratégia se volta para a ampliação de práticas de sequestro de carbono e o apoio a produtores que adotem tecnologias de menor impacto ambiental.

O setor de construções também ganhou destaque, com metas de eficiência energética em novos edifícios e estímulos para instalação de painéis solares e baterias em residências.

Um relatório divulgado pelo Tesouro australiano acompanhou o anúncio. Segundo as projeções, a transição energética pode impulsionar a economia, gerar empregos e garantir preços de energia mais baixos a longo prazo. Mas os técnicos alertam: uma transição desordenada ou tardia pode encarecer a eletricidade e reduzir a competitividade global do país.

O peso internacional da nova NDC

A meta australiana será levada à COP30, em novembro, em Belém (PA). O governo argumenta que o compromisso não é apenas uma obrigação internacional, mas também uma oportunidade de reposicionar a Austrália como fornecedora global de energia limpa e minerais críticos, como lítio e níquel, fundamentais para a transição energética.

“Cada fração de grau importa. Nossa contribuição é essencial não apenas para proteger o modo de vida dos australianos, mas também para apoiar nossos vizinhos no Pacífico, que já sofrem de forma desproporcional com os impactos da crise climática”, diz o comunicado oficial.

  • Karina Pinheiro

    Jornalista formada pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), possui interesse na área científica e ambiental, com experiência na área há mais de 2 anos.

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