Os nove países amazônicos – Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela – possuem, em conjunto, 3.028 blocos de exploração de petróleo, em diferentes fases de implementação. Dentro dos limites da floresta amazônica, são 871 blocos, ou 29% do total.
Desse total na Pan-Amazônia, 52% (451 blocos) estão em território brasileiro, nas categorias “em estudo”, “oferta” e “concessão”. Eles se localizam onshore (no continente) e offshore (no mar), com casos sensíveis em cada área, a exemplo da Foz do Amazonas.
Tal sistematização de dados só foi possível graças à ferramenta “Monitor da Amazônia Livre de Petróleo e Gás”, uma iniciativa do Instituto Internacional ARAYARA, lançada na última segunda-feira (23).
Até então, o conhecimento sobre exploração de petróleo na bacia amazônica estava espalhado em diferentes plataformas, como bancos de dados georreferenciados de governos e sites especializados.
“A desconexão das informações dificultava análises de contexto e risco da exploração de petróleo e gás. A iniciativa é pioneira em formular comparativos das áreas florestal e costeira da chamada Pan-Amazônia. As atualizações serão periódicas”, informa o Instituto.
Segundo a ferramenta, 78% do total de blocos na bacia amazônica (684 blocos) ainda está na fase de estudos ou oferta, o que indica, segundo o ARAYARA, um evidente avanço dessa indústria sobre a floresta
“O avanço dos projetos de hoje se transformará nas bombas de carbono das próximas décadas, agravando cenas como a atual seca no bioma amazônico e enchentes destruidoras no sul do país”, alerta o biólogo Vinicius Nora, gerente de Oceanos, Clima e Geociências do Instituto ARAYARA.
O trabalho do Instituto e instituições parceiras, como o Observatório do Clima, chama atenção também para a escalada de projetos na costa amazônica brasileira ao longo do último governo, em especial os 218 novos blocos incluídos em setembro de 2022.
Muitos desses blocos já haviam sido devolvidos pelo Ibama com negativas de exploração, mas foram colocados novamente em leilão ou encaminhados para estudos.
No dia 13 de dezembro próximo, o governo brasileiro também realiza o 4º Ciclo de Oferta Permanente, divulgado na última semana, com a oferta de 602 blocos. Pelo Monitor, é possível saber a localização exata dos blocos: 21 deles encontram-se no coração da Amazônia.
As organizações brasileiras parceiras no projeto chamam atenção para a contrariedade do posicionamento do Brasil frente às negociações climáticas internacionais e seus projetos internos.
“Enquanto o mundo tenta organizar caminhos para a transição energética, o avanço da exploração desse setor sobre a maior floresta tropical do mundo causa perplexidade. O Brasil terá um papel fundamental nesse cenário como anfitrião da COP 30. Dados técnicos robustos, apresentados de forma didática e de fácil interação, ajudam a sociedade a compreender os riscos socioambientais associados à expansão desses projetos”, diz Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima
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Desde a decada de 80 existem poços de petroleo na amazonia. a maioria com o exercito tomando conta. porque nao sao explorados nunca imaginei.