Reunidos esta semana em Letícia (Colômbia), líderes de países vizinhos ouviram de Lula uma proposta para integrar polícias e o controle do tráfego aéreo na Amazônia. A ideia é combater crimes que cruzam fronteiras.
A sugestão veio num encontro prévio à Cúpula da Amazônia, marcada para agosto, em Belém (PA). Junto à brasileira Tabatinga (AM), a cidade colombiana é um polo do comércio ilegal de drogas, armas e animais.
A recomendação do presidente brasileiro chega em boa hora. Afinal, quadrilhas ganharam força e terreno no país graças ao esfacelamento da fiscalização no governo Jair Bolsonaro.
Os crimes ambientais na Amazônia já têm conexões com 24 dos 27 estados, exceto Alagoas, Pernambuco e Paraíba. O Instituto Igarapé conclui isso analisando mais de 300 operações da Polícia Federal, entre 2016 e 2021.
Grilagem de terras, desmate, garimpo e agropecuária ilegais foram os delitos mais comuns, até em áreas protegidas. Dentro e fora da Amazônia, Pará, Rondônia, Amapá, São Paulo, Paraná e Goiás lideram em ocorrências.
As conexões com a criminalidade na floresta equatorial brasileira alcançam igualmente países como Guiana Francesa, Venezuela, Suriname, Colômbia, Paraguai e Bolívia.
Um estudo publicado na OECD Trade and Environment Working Papers estima que os crimes ambientais crescem 8% ao ano no mundo e que movimentem até US$ 281 bilhões anuais, ou cerca de R$ 1,35 trilhão.
“O predomínio de crimes ambientais transfronteiriços se deve a falhas regulatórias e ao crescente envolvimento do crime organizado transnacional, que exigem respostas internacionais coordenadas”, diz o relatório.
Sem dúvida um cenário desafiador para negócios amigáveis à floresta, como a bioeconomia. Uma proposta para fortalecer essa agenda na Amazônia foi divulgada no encontro de Letícia, por 100 organizações internacionais.
Isso trará “mais e melhores condições de trabalho e de vida para comunidades tradicionais e povos indígenas” e promoverá “o desenvolvimento sustentável tanto das cidades como do interior da Amazônia”, diz o documento.
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