Entre janeiro e março de 2022, a Amazônia perdeu uma área equivalente a metade da cidade do Rio de Janeiro. Foram 687 km² de floresta que foram ao chão no primeiro trimestre do ano, segundo medições do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). A cifra é a segunda maior já registrada na série histórica do Instituto, que começou há 15 anos.
O primeiro trimestre de 2022 só não foi pior do que o mesmo período no ano passado, quando foram registrados 1.185 km² de desmatamento. A diferença entre os números se deve à queda de 85% na devastação em março: em 2022 foram registrados 123 km² de desmatamento, contra 810 km² no ano passado.
A queda, no entanto, não é motivo de celebração. “Em breve entraremos no período seco, onde historicamente a derrubada da floresta tende a ser maior. O fato de termos no trimestre de 2022 a segunda maior área desmatada em 15 anos nos mostra que o desmatamento ainda segue em ritmo intenso na Amazônia”, diz Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
Desmatamento por estados
Entre os nove estados da Amazônia Legal, o Mato Grosso foi o que mais desmatou no mês de março, segundo as medições do Imazon. Foram 57 km² de devastação, o que representa 46% de todo desmatamento registrado no período. Esta é a terceira vez que o Mato Grosso lidera a lista de estados desmatadores.
Além disso, metade dos 10 municípios que mais desmataram ficam em solo mato-grossense: Nova Ubiratã, Juara, Feliz Natal, Porto dos Gaúchos e Juína. Juntos, eles somaram 35 km² de floresta derrubada, 61% do registrado no estado.
Em segundo lugar ficou o Pará, com 27% da derrubada da Amazônia (33 km²). Desse total, 21% (7 km²) foram registrados apenas dentro de duas unidades de conservação, a APA Triunfo do Xingu e Flona do Jamanxim. Elas foram as áreas protegidas com maior derrubada na floresta em março, com 5 e 2 km², respectivamente.
O terceiro estado com maior desmatamento em março foi Roraima, com 11% do total (13 km²). Em quarto vem o Amazonas, com 10% (12 km²), todos registrados em apenas um município: Lábrea, no sul do estado.
“Esse é um município que já vinha apresentando altos percentuais de desmatamento no Amazonas desde o ano passado. Ele fica na região da divisa com o Acre e com Rondônia, em uma área de expansão agropecuária chamada Amacro, onde a derrubada da floresta está em um ritmo alto”, completa a pesquisadora do Imazon.
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