Descumprimento do tamanho de rede permitido e desrespeito às restrições de determinadas áreas de pesca são fatores que têm contribuído com o aumento da mortalidade do mamífero aquático mais ameaçado do país. De acordo com pesquisa realizada pelo Laboratório de Ecologia e Conservação da Megafauna Marinha da Universidade Federal do Rio Grande (Ecomega/Furg), foram encontradas mais de 300 toninhas mortas de novembro de 2020 até agora, somente na região sul do Rio Grande do Sul. O golfinho está na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção, na categoria vulnerável.
Na primeira segunda-feira de 2021 (04), em Capão da Canoa, no Rio Grande do Sul, outro golfinho foi encontrado morto. O animal estava com a boca enrolada por uma rede de pesca. Uma equipe do Centro de Estudos Costeiros, Marítimos e Limnológicos (Ceclimar) recolheu o corpo para estudo.
Fora do estado gaúcho (e das estatísticas da pesquisa da FURG), notícias sobre o aparecimento de toninhas mortas na faixa de areia também são comuns. Nesta terça-feira (12), por exemplo, mais uma toninha foi encontrada morta por banhistas, dessa vez na praia de Mongaguá, no litoral de São Paulo. De rede em rede, a espécie vai caminhando a passos largos para a extinção.
Apesar de ser endêmica do oceano Atlântico Sul (além do Brasil, na Argentina e no Uruguai), a toninha é um dos golfinhos menos conhecidos pelas pessoas, seja por ser a menor espécie no Brasil (as fêmeas podem chegar a 1,7 m de comprimento e pesar cerca de 40 kg) ou por fugirem dos sons das embarcações.
Considerado o golfinho com a maior ameaça de extinção no litoral brasileiro, os animais da espécie morrem frequentemente por conta das redes de emalhe. Por se alimentarem de pequenos peixes no fundo do oceano, local onde geralmente ficam os materiais de pesca, elas são imobilizadas e não conseguem ir para a superfície buscar oxigênio, necessário por serem mamíferos e respirarem pelos pulmões.
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De acordo com a normativa interministerial nº 12, de 22 de agosto de 2012, a rede de emalhe pode ser usada desde que respeitados os respectivos tamanhos permitidos para cada embarcação e que a pesca seja realizada somente em áreas sem restrições.
“Mesmo cumprindo essa legislação de exclusão de pesca com os tamanhos de rede atuais não é o suficiente para reduzir a mortalidade em níveis sustentáveis. Em várias partes do litoral brasileiro (em todas as áreas onde a toninha ocorre) não houve evidência de uma redução da mortalidade. Em alguns casos, como nos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, até tem evidência de mortalidade mais alta do que no passado”, pondera o Dr Eduardo Secchi, coordenador do Projeto Toninhas (Ecomega/FURG), apoiado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO).
Foto de Destaque: Toninha morta em praia de Mongaguá, SP. Foto: Reprodução/Mongaguá na Tela.
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Marcos Furtado
Escreveu para ((o))eco, Estadão, Folha de SP, Colabora. Ganhou o Prêmio Santander Jovem Jornalista e teve o 3º lugar em concurso do ICFJ →
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Que triste . Brasileiro não tem consciência ambiental alguma.
Sempre o dedão do HOMEM. A má vontade deste seguimento da economia (pesca -principalmente a industrial) de resolver ou mitigar estas mortes são evidentes.
Falta coragem do governo estadual e federal de atuar e resolver esta matança.