A população e a área ocupada por um em cada três espécies de vertebrados terrestres estão caindo em ritmo acelerado, embora boa parte delas seja classificada em baixo risco de extinção ou dados insuficientes, pelo menos por enquanto. Mais da metade dos pássaros em declínio (55%) estão na lista dos pouco ameaçados. Esses dados foram publicados em um estudo esta semana, na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), da Academia de Ciência dos Estados Unidos.
Os pesquisadores analisaram o número de espécies encontradas em quadrantes de 10 quilômetros quadrados. Avaliaram a distribuição de 27.600 espécies conhecidas de pássaros, anfíbios, mamíferos e répteis. E olharam com atenção dados mais detalhados entre 1990 e 2015, disponíveis para 177 espécies de mamíferos. Os números indicam que 40% das espécies estão reduzidas a uma área equivalente a um quarto do que já chegaram a ocupar.
Esta redução ocorre em ritmo diferente, conforme a região e o grupo taxonômico. Em regiões de alta biodiversidade, como florestas próximas a áreas montanhosas, a exemplo de Andes-Amazônia, Congo-Montanhas da África Oriental, Himalaia-Sul da Ásia, ocorre uma maior perda no número de espécies. Em zonas temperadas, proporcionalmente ao número de espécies conhecidas, a proporção daquelas que estão em declínio é maior.
Embora o declínio ainda não signifique o desaparecimento destas espécies, é considerado, pelos autores do estudo, o prenúncio de uma extinção massiva de espécies. Eles citam o caso do leão, que já esteve presente desde regiões da Europa à Índia e praticamente toda a África. Hoje, esse grande felino é encontrado apenas em áreas espalhadas ao Sul do Deserto do Saara e em uma minúscula área no Oeste da Índia.
“Este é um caso de uma aniquilação biológica ocorrendo globalmente, mesmo que as espécies pertencentes a essas populações ainda estejam presentes em algum lugar da Terra”, afirma o professor de Biologia Rodolfo Dirzo, que também assina o artigo.
Extinção de serviços ambientais
Os pesquisadores do Stanford Woods Institute for Environment, responsáveis pela pesquisa, alertam que o declínio das espécies significa também a extinção de serviços ecossistêmicos cruciais para o planeta, como a polinização realizada por abelhas, controle de pestes e purificação de água proporcionada por áreas úmidas. Eles afirmam que metade da população de animais que vivia na terra já desapareceu.
“A perda massiva de populações e espécies reflete nossa falta de empatia para com todas as espécies selvagens que estão em nossa companhia desde nossas origens”, afirma o líder do estudo Gerardo Ceballos, da Universidade Autônoma do México. “Isto é o prelúdio para o desaparecimento de muito mais espécies e o declínio de sistemas naturais que tornam a civilização possível”, completa.
Em 2015, um dos autores desse estudo, o professor emérito de Biologia Paul Ehrlich, já havia publicado um artigo chamando a atenção para a extinção massiva em curso no planeta. De acordo com ele, estamos entrando em uma era sem paralelo desde o desaparecimento dos dinossauros, há 66 milhões de anos. Dados da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, Inglês) indicam que 41% das espécies de anfíbios e 26% dos mamíferos estão ameaçados de extinção.
Professor Paul Ehrlich fala sobre o estudo (em inglês):
Leia Também
Até 2020, 67% das espécies de vertebrados poderá deixar de existir
Leia também
A nossa lista de espécies ameaçadas
A relação de animais brasileiros que correm o risco de desaparecer e as principais ameaças à fauna no país foi apresentada na COP 13, no México. →
Extinções: naturais ou causadas por nós?
Muito se fala sobre a extinção inevitável das espécies. Mas a taxa atual, sem asteróide nenhum caindo na cabeça dos seres vivos, não tem comparação. A catástrofe desta vez somos nós. →
Até 2020, 67% das espécies de vertebrados poderá deixar de existir
As pressões decorrentes de práticas não sustentáveis, como a agricultura, a pesca e a mineração contribuem para a degradação do meio ambiente terrestre e aquático →
Aqui em Blumenau (municipio) e no estado de Santa Catarina, as extinções de varios grupos estão acontecendo em uma velocidade impressionante. Causas caça/matança e perda de ambiente natural.
Já a resposta dos gestores, como a Fatma do estado e a Faema (municipal), é o silêncio total. Aprenderam com os políticos profissionais, do tipo"só respondo em juizo".
E o desaparecimento/extinção vai ocorrendo silenciosamente. Fala baixxxxo.