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A nossa lista de espécies ameaçadas

A relação de animais brasileiros que correm o risco de desaparecer e as principais ameaças à fauna no país foi apresentada na COP 13,  no México.

Vandré Fonseca ·
11 de dezembro de 2016 · 7 anos atrás
Muriqui-do-norte, um dos animais classificados como criticamente em perigo de extinção. Foto: Peter Schoen/Flickr
Muriqui-do-norte, um dos animais classificados como criticamente em perigo de extinção. Foto: Peter Schoen/Flickr

Manaus, AM — A nova versão do Livro Vermelho da Fauna apresenta 1.173 espécies de vertebrados e invertebrados ameaçadas de extinção no Brasil. A publicação foi apresentada pelo Instituto Chico Mendes na semana passada, durante a 13ª Cúpula das Nações Unidas pela Biodiversidade (COP 13), realizada em Cancún, no México. A lista indica também que 15% destes animais não contam com a proteção legal de áreas protegidas.

Embora a avaliação já tenha levado a recomendações para proteger os animais em risco, como o fortalecimento de áreas protegidas, cerca de 180 das espécies estão foram da guarda de qualquer Unidade de Conservação. E ainda faltam informações para avaliar outras 155, cerca de 13%. E a maior parte da lista não conta com Planos de Ação Nacionais para reduzir as ameaças. Os PANs atualmente abrangem 545 vertebrados e invertebrados, mas a meta é cobrir toda a lista até 2020.

O Brasil é considerado o país com maior biodiversidade do mundo, devido à variedade de espécies e também de ecossistemas terrestres e aquáticos. O estudo é o primeiro passo para o país atingir a Meta 12 de Aichi, que prevê evitar a extinção de espécies ameaçadas e melhorar o status de conservação daquelas que correm risco de desaparecer. Durante a cúpula, o Ministério do Meio Ambiente se comprometeu ainda a melhorar o status de conservação de 10% da lista até 2020.

Graças ao esforço de 1.270 cientistas para a elaboração da lista, entre 2009 e 2014 foram avaliadas 12.254 espécies, entre elas quase todos os vertebrados brasileiros (8.922 espécies num total aproximado de 9 mil). Embora seja impossível incluir todos os invertebrados que ocorrem no país, o estudo foi considerado bastante abrangente e inclui 3.332 espécies. Entre os invertebrados, estão grupos completos de libélulas (Odonata) e esponjas (Porifera), embora alguns, como os besouros (Coleoptera), tenham uma amostragem incompleta.

O levantamento segue os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês) e é considerado o maior e mais completa já feita por países em todo o mundo. É muito mais abrangente do que a lista elaborada em 2002, quando a avaliação incluiu apenas uma lista de 627 espécies, consideradas por peritos sob risco. Desta vez, se tentou abarcar todos os conjuntos de espécies conhecidos.

Ela apresenta também o que coloca em risco a fauna no Brasil. A perda de habitat, provocada pela expansão da agropecuária, urbanização, lagos de hidrelétricas e mineração, é a principal ameaça às espécies terrestres e de água doce. Em ambiente marinho, a fauna sofre principalmente com a exploração exagerada, seguida pela poluição.

O país conta com 2.029 áreas de proteção, num total de 1,6 milhões de quilômetros quadrados, ou o equivalente ao território do Irã, o 17º maior país do mundo. Metade da área estão sob domínio das 326 Unidades de Conservação federais. Mas enquanto a Amazônia concentra cerca de 50% das Unidades de Conservação e Terras Indígenas, há biomas que precisam de mais proteção, como o Cerrado. E é preciso considerar também que 80 dessas áreas federais se destinam principalmente a sustentar o modo de vida tradicional de cerca de 60 mil famílias.

 

Saiba Mais 

Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção – 2016

 

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Comentários 2

  1. Guilherme diz:

    Essas questões estão diretamente relacionadas aos péssimos gestores originados ou indicados do Legislativo, o qual a maioria das cadeiras ocupados por ignorantes ruralistas ou pastores – vinculados ou donos de Agronegócios…


  2. paulo diz:

    A desgraça ainda é maior nas listas ESTADUAIS, pois as ações estaduais são piores, tendo muita arrecadação e nenhum retorno para parar as extinções locais e muito menos, mas muito menos ainda reverter estas extinções.

    Querem um exemplo, pesquisem o Estado de Santa Catarina e seus biomas.