A toninha é um golfinho costeiro, pertencente à ordem dos cetáceos, família Pontoporiidae, tem em média 1,5m e é uma das espécies com maior risco de extinção na América do Sul, local em que é endêmica. Um dos motivos que mais ameaça a espécie é a captura acidental por redes de pesca, denominado “bycatch”.
Por esse motivo o Projeto Toninhas do Brasil, um dos principais projetos que atuam na conservação da espécie no país, junto de pesquisadores e instituições de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, tem testado de forma inédita no país, com parceria de pescadores locais, os alarmes acústicos, denominados pingers, em redes de pesca.
“Neste trabalho dos pingers que a gente vai fazer agora, a gente vai além de colocar pingers nas redes, nós vamos colocar um equipamento acústico, um equipamento autônomo que tem um detector de cliques, então ele fica full time ali, se passar uma toninha perto ele vai detectar e vai registrar”, explica Marta Cremer, bióloga e coordenadora geral do Toninhas do Brasil. Com esse método, a equipe busca entender o comportamento das toninhas nas proximidades das redes, além de testar a eficácia do equipamento de mantê-las afastadas.
Os alarmes acústicos são pequenos dispositivos que funcionam com bateria e emitem som de alta frequência – sons que são disparados em sequências aleatórias para evitar que os animais se acostumem com ele ao longo do tempo. A ferramenta funciona como um alerta para manter os golfinhos afastados das redes de pesca. Esse tipo de tecnologia já vem sendo testado no Uruguai e na Argentina, mas no Brasil é a primeira vez que um trabalho assim vem sendo realizado.
Alguns trabalhos experimentais já foram realizados na Baía da Babitonga (SC) e os alarmes têm se mostrado promissores. “As toninhas tem uma sensibilidade auditiva grande, elas são muito sensíveis à questão do ruído, então esse tipo de dispositivo tem um potencial grande de funcionar”, diz Marta.
Os alarmes são uma das alternativas que podem contribuir para mitigar o problema, mas é difícil acabar com a captura acidental, então o objetivo do projeto é reduzir a mortalidade a níveis que possam ser considerados sustentáveis, que não deixe a espécie em risco de ameaça.
Coleta
Os pesquisadores querem saber se os animais estão perto das embarcações para se alimentar, se existe algum parâmetro ambiental em ambientes com maior turbidez, além de verificar o quanto isso afeta a comunicação deles. Esse entendimento do universo acústico do animal é uma vertente de pesquisa importante para ajudar a entender cada vez melhor a problemática das redes e buscar mais soluções para mitigar as capturas.
No momento, o projeto está em fase piloto, começando em pequena escala em diferentes realidades pesqueiras artesanais, contando com pescadores de cinco comunidades, que vão usar o dispositivos em suas redes e serão monitorados nos próximos dois anos. Com esse monitoramento espera-se entender tanto a aceitação dos pescadores quanto o comportamento da toninha. O objetivo também é saber se a ferramenta sonora funciona como uma alternativa viável.
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O Projeto Toninhas do Brasil faz um lindo e importantíssimo trabalho!
Muito legal ler uma matéria sobre esses bichos! Gostaria de contribuir corrigindo a família citada no texto, pois as toninhas pertencem a família Pontoporiidae.