Fogo, fogo e mais fogo. Além do Pantanal e da Amazônia, o Cerrado também queima. E em uma das regiões mais emblemáticas do bioma, a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, os incêndios já consumiram 67 mil hectares. Destes, 17 mil atingiram o interior do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, o equivalente a cerca de 7% da área protegida. Os outros 50 mil hectares queimados estão dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) do Pouso Alto, o que corresponde a 5,7% do território. No combate estão equipes do Corpo de Bombeiros Militar do Goiás, dos brigadistas do ICMBio e do Ibama, e um efetivo de 137 pessoas, apoiadas por 22 veículos e 5 aeronaves. Além disso, dezenas de voluntários estão engajados tanto no combate às chamas quanto no apoio logístico aos brigadistas.
De acordo com o último boletim elaborado pelo Comando Unificado – Corpo de Bombeiros de Goiás e ICMBio -, na quarta-feira (07) a situação mais crítica está nas áreas mais escarpadas da Serra de Santana. “Os trabalhos de combate estão concentrados nessa área com equipes atacando a linha tanto a partir das partes mais elevadas quanto pelo sopé da serra, ambas com permanente apoio aéreo”, descreve o relatório.
Na Serra da Baliza, o incêndio está em progressão lenta, em zonas de difícil acesso. Na APA do Pouso Alto, o fogo está controlado no vale do São Joaquim, mas equipes permanecem no local fazendo trabalhos de rescaldo e vigilância.
A presença das brigadas voluntárias no combate tem sido destacada pelo próprio Corpo de Bombeiros. O membro da Rede Contra Fogo, Ivan Anjo Diniz, destaca a ampla rede de solidariedade dos moradores da região que tem atuado tanto no combate quanto no apoio aos brigadistas. “Hoje nós temos cerca de 40 brigadistas voluntários entre Alto Paraíso, São Jorge e Cavalcante [municípios no entorno do Parque Nacional] e apoiamos o ICMBio e o PrevFogo nos combates dentro e fora do parque. E a gente tem um grupo grande de pessoas da cidade trabalhando fazendo kit lanche, preparando refeições, e ajudando no transporte e na logística”, descreve Ivan.
A Rede Contra Fogo é uma ONG criada em 2017 que ajuda a organizar e articular as brigadas voluntárias junto a moradores da região. “A Rede Contra Fogo realizou três cursos de formação de brigadistas voluntários em Alto Paraíso, São Jorge e Cavalcante. Através desses cursos formamos as brigadas setoriais voluntárias dispostas no entorno do Parque Nacional para evitar que incêndios vindos de fora entrem no parque e para dar combate em incêndios que ocorram dentro do parque também”, conta.
O clima seco tem favorecido a propagação das chamas, com temperaturas na casa dos 35º, ventos fortes e baixa umidade no ar. Apesar da seca severa, Ivan destaca que a origem dos fogos não é natural. “O que é mais grave é que nos últimos dias foram vistos dois veículos diferentes botando fogo, então a gente sabe que os focos dos incêndios são criminosos. Enquanto não vier chuva e ficar tudo bem molhadinho, há risco de novos incêndios porque vão querer continuar queimando. A previsão de chuva é para domingo, só que a gente sabe que a chuva às vezes é só localizada, né? Vamos continuar os trabalhos”, conclui.
Fechado por causa do fogo, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros foi reaberto à visitação, que está sendo feita de forma monitorada.
Leia também
Audiorreportagem: os incêndios no Pantanal e o trabalho de quem está na linha de frente do combate
Município de Chapada dos Guimarães entra em situação de emergência por incêndios
Estudo reforça importância de áreas protegidas mais restritivas para fauna nativa do Cerrado
Leia também
Estudo reforça importância de áreas protegidas mais restritivas para fauna nativa do Cerrado
Pesquisadores mapearam a ocorrência de mamíferos em UCs com diferentes níveis de proteção e concluíram que espécies como o lobo-guará dependem de áreas mais restritas →
Município de Chapada dos Guimarães entra em situação de emergência por incêndios
Incêndios florestais têm assolado o município, mas até o momento fogo não entrou dentro do parque nacional, onde trabalho preventivo foi feito para tentar conter as chamas →
Audiorreportagem: os incêndios no Pantanal e o trabalho de quem está na linha de frente do combate
Em sua 1ª audiorreportagem, ((o))eco vai ao Pantanal acompanhar o trabalho de moradores, organizações e voluntários no combate às chamas e resgate da fauna afetada pelo fogo que consome o bioma →