O mosaico do Boqueirão da onça está mais próximo de sair do papel. O governador da Bahia, Rui Costa, encaminhou ao Ministério do Meio Ambiente a autorização para a criação do Mosaico de Unidades de Conservação no coração da caatinga, que inclui um parque nacional e uma área de proteção ambiental.
Boqueirão é um sonho de mais de duas décadas. Os estudos para a criação do parque foram iniciados em 2002. O plano era dar proteção integral a cerca de 900 mil hectares em uma região de difícil acesso. De lá para cá, o local virou a meninas dos olhos de empresas eólicas e mineradoras e o preço da terra triplicou. Os obstáculos para proteger a área também.
Concessões foram feitas e o que seria uma grande parque virou um mosaico, com áreas de proteção integral, um parque, e áreas de uso sustentável, uma área de proteção ambiental, que permite propriedade privada e exploração econômica. Mesmo com o meio termo, as negociações não avançaram. Faltava o parecer do governo da Bahia.
O desenho do mosaico ficou definido assim: um Parque Nacional de 348.258,91 hectares e uma APA (Área de Proteção Ambiental) de 497.626,89 hectares, que serão criados no semi-árido baiano, abrangendo os municípios de Sento Sé, Campo Formoso, Sobradinho, Juazeiro, Morro do Chapéu e Umburanas.
Participaram da elaboração do atual desenho a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Chico Mendes (ICMBio).
“Esta proposta final acolhe os diversos conflitos de interesse na região, incluindo comunidades tradicionais de fundo de pasto, assentamentos de trabalhadores sem terra, empreendimentos do setor eólico instalados ou planejados, e os interesses do Estado. Assim, consideramos que a APA federal a ser criada tem alto potencial para conciliar os interesses de conservação, das comunidades e da produção de energia eólica, que ocupa apenas 10%”, disse o secretário estadual do Meio Ambiente, Geraldo Reis, em nota divulgada pela SEMA.
Boqueirão, oásis da vida silvestre
Boqueirão é como se chama, na Bahia, uma garganta entre serras, normalmente com um rio. A paisagem do Boqueirão da Onça tem planos, maciços e serras com mais de 1.200 metros. Possui as nascentes e as planícies fluviais dos rios Jacaré (ou Vereda do Roma) e Salitre (ou Gramacho ou Vereda da Tábua), que deságuam no Velho Chico.
Um levantamento feito pelo Centro de Recuperação de Áreas Degradadas (Crad) da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), em 2006, mostra a importância do Boqueirão com suas espécies endêmicas, raras e algumas ameaçadas. Em números brutos, a região possui 932 espécies de plantas, 380 exclusivas da região.
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O Boqueirão da Onça
Foi aqui que fotografamos uma de nossas primeiras onças pintadas na região, por meio de armadilhas fotográficas. Tentamos capturá-la, no início de 2008, mas parece que ela não está muito interessada nos colares que temos para colocar Uma paisagem difícil de descrever de tão bonita. No meio da Caatinga, em conjunto com as comunidades, um novo parque nacional é planejado para abrigar as pintadas. →
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Pelo que vi em outras fontes, a população de onças no Boqueirão está próxima de 60 indivíduos.
Tá, mas qual a população de onças da região? Como fica a "capacidade de suporte" de onças dessa UC? Esse dado é relevante, devia constar da matéria