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Joênia Wapichana denuncia compra de votos no primeiro turno em Roraima

Única representante indígena no Congresso não se reelegeu deputada por Roraima, e em suas redes sociais destacou a escalada de crimes eleitorais em seu estado

Débora Pinto ·
5 de outubro de 2022 · 2 anos atrás

Joênia Wapichana (REDE/RR), a única pessoa indígena a atuar no Congresso durante o primeiro mandato de Jair Bolsonaro (PL), não conseguiu se reeleger para a Câmara dos Deputados no primeiro turno das Eleições de 2022.  Mas, embora tenha sido a sexta candidata mais votada na classificação geral, com cerca de 11.130 votos, sua reeleição foi impossibilitada pelo coeficiente eleitoral roraimense.

Ao longo de todo o seu mandato, Joênia foi uma voz solitária dentre os representantes do estado de Roraima por ser forte opositora do conjunto de Projetos de Lei contra o meio ambiente chamado de “pacote da destruição”, que inclui medidas como a mineração em Terras Indígenas e a flexibilização do uso de agrotóxicos no país.

Em vídeo divulgado em suas redes sociais, a deputada revelou uma realidade que, segundo ela, foi um fator prejudicial ao processo eleitoral em seu estado: a compra de votos. Segundo o boletim divulgado com os resultados da Operação Eleições 2022, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Roraima ficou em segundo lugar em autuações ligadas  a compra de voto e corrupção eleitoral, com 22 infrações registradas, atrás apenas do Amapá, que registrou 23 infrações desta natureza. 

O estado foi um dos nove da Amazônia Legal que promoveu apoio massivo a Bolsonaro, que teve aproximadamente 70% de votos, a maior votação percentual estadual recebida pelo atual presidente.

Na última quinta-feira (29/09), às vésperas da votação, a Polícia Federal deflagrou na capital Boa Vista uma operação que levou ao cumprimento de nove mandados de busca e apreensão expedidos pelo TRE do estado, de acordo com a Agência Brasil. No mesmo dia, o empresário ligado ao garimpo e candidato a deputado federal pelo PL de Roraima, Rodrigo Cataratas, foi preso em flagrante também em Boa Vista durante  fiscalização da PRF que encontrou R$ 6.136 em dinheiro vivo, “santinhos” da campanha de Cataratas e uma lista com nomes de pessoas e valores pagos, conforme informações apuradas por O Tempo.

Além de não contar mais com uma  representação indígena para a proteção de territórios, Roraima elegeu seis novos deputados –  Helena da Asatur (MDB), Duda Ramos (MDB), Defensor Stélio Dener (Republicanos), Albuquerque (Republicanos), Zé Haroldo Cathedral (PSD) e Pastor Diniz (União Brasil) –  e reelegeu  Jhonatan de Jesus (Republicanos), o mais votado, com 19.881 votos; e o policial rodoviário federal Nicoletti (União Brasil). A defesa da pauta ambiental não aparece como prioridade de campanha de nenhum dos eleitos.

Ao anunciar o resultado das eleições, Joenia também afirmou em suas redes sociais que – mesmo sem mandato – seguirá apoiando a luta de Sônia Guajajara (PSOL/SP) e Célia Xakriabá (PSOL/MG), indígenas que se elegeram e comporão a chamada “bancada do Cocar” no Congresso. Ela também mencionou Marina Silva (REDE/AC), a quem parabenizou pela conquista da cadeira e por sua trajetória em prol do meio ambiente na política.

  • Débora Pinto

    Jornalista pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, atua há vinte anos na produção e pesquisa de conteúdo colaborando e coordenando projetos digitais, em mídias impressas e na pesquisa audiovisual

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