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Justiça bloqueia bens de super quadrilha de desmatadores

Acusados de chefiar esquema de desmatamento e grilagem, no Pará, terão R$ 420 milhões bloqueados. Valor corresponde aos danos ambientais causados.  

Daniele Bragança ·
26 de julho de 2016 · 8 anos atrás
Área devastada pelo esquema comandado por AJ Vilela. Foto: Ibama
Área devastada pelo esquema comandado por AJ Vilela. Foto: Ibama

A quadrilha acusada de controlar o maior esquema de desmatamento já detectado na Amazônia ficará sem parte do capital acumulado com o crime. A Justiça Federal ordenou o bloqueio de R$ 420 milhões de Antônio José Junqueira Vilela Filho, pecuarista conhecido como AJ Vilela ou Jotinha, e de mais 12 pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema.

O valor corresponde aos danos ambientais ocasionados pela destruição de 300 quilômetros quadrados de florestas em Altamira, no Pará, entre 2012 e 2015. Essa área é equivalente ao território do município Belo Horizonte (MG). Segundo o Ministério Público, a quadrilha movimentou cerca de R$ 1,9 bilhão nesse período.

Uma das empresas que tiveram seus bens sequestrados é a Guatambu Agricultura e Pecuária S.A, apontada pelos investigadores do MPF e da Receita Federal como uma empresa de fachada. O negócio resguardava o patrimônio da família Junqueira Vilela, que lidera o esquema criminoso. A quadrilha foi desmantelada no final de junho pela operação Rios Voadores, realizada pela Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público Federal, a Receita Federal e o próprio IBAMA.

Os procuradores sustentam que o bloqueio é necessário para assegurar a recuperação dos danos ambientais. “Os R$ 420 milhões seriam suficientes para pagar pelo Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD), que deve ser apresentado por qualquer um que cause danos ambientais e seja condenado à reparação”, afirma, em nota, o MPF.

Além do desmatamento ilegal, os acusados podem ainda ser condenados a demolir qualquer obra ou edificação que tenham erguido nas fazendas constituídas através de grilagem de terras públicas.

 

*Com informações do MPF-PA.

 

 

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  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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Comentários 2

  1. AAI diz:

    Ótima notícia! Só esperamos que a justiça depois condene os responsáveis!!!