A Re:wild, organização fundada por Leonardo DiCaprio, e entidades brasileiras e internacionais juntaram forças para pedir que os 12 candidatos à Presidência do Brasil se comprometam com quatro questões críticas ao meio ambiente: o fim do desmatamento em todas as suas formas e em todos os ecossistemas; redução das emissões, por meio da implementação efetiva do Acordo de Paris; respeito às populações indígenas e o local onde elas vivem e o fortalecimento do sistema de áreas protegidas no Brasil. Os candidatos receberam, na última semana, uma carta com o que ficou conhecido como “Desafio dos quatro compromissos ambientais”.
Além da Re:wild, uma das principais organizações do mundo para a conservação da biodiversidade, a campanha também conta com a parceria da Global Citizen, plataforma de ação dedicada acabar com a extrema pobreza e a destruição do meio ambiente, com o Center for Environmental Peacebuilding (CEPB) e com o trabalho das brasileiras Rede Pró Unidades de Conservação (Rede Pró-UC) e Menos1Lixo.
Na última sexta-feira (16), DiCaprio convidou brasileiros e não brasileiros a se unirem à campanha, que conta também com um abaixo-assinado. Em seu Twitter, ele escreveu “Tenho orgulho de estar ao lado do povo brasileiro convocando todos os 12 candidatos a presidente a se comprometerem publicamente com quatro ações críticas para o nosso planeta”. Até a tarde desta segunda-feira (19), a petição já contava com 25,6 mil assinaturas.
Segundo os organizadores, o objetivo da iniciativa é lembrar os candidatos sobre sua responsabilidade global em proteger o planeta e fazer com que eles se comprometam com uma gestão ambiental mais responsável, o que trará como consequência um país ambientalmente mais equilibrado.
“Há muito em jogo para os líderes da região ficarem quietos. Ao agir agora para proteger a natureza e conter as emissões de carbono, os políticos no Brasil e em toda a América Latina podem ajudar a mudar o rumo da crise climática”, diz o texto da petição online.
Para Angela Kuczach, diretora da Rede Pró UC, o Brasil tem uma responsabilidade enorme frente ao mundo e precisa se comportar de acordo com esse desafio, agindo com responsabilidade na agenda de combate ao desmatamento e proteção da biodiversidade. “É inadmissível assistir o que está acontecendo na Amazônia hoje, por exemplo, com o desmatamento e incêndio criminoso de Unidades de Conservação como o Parque Estadual do Cristalino II e o Refúgio de Vida Silvestre dos Rios São Benedito e Azul. Estamos transformando áreas prístinas em cinza, a floresta em deserto e rios voadores de chuvas em rios de fumaça.”
O desmatamento e as queimadas têm atingido recordes em 2022. Somente nos oito primeiros meses do ano (janeiro a agosto), a Amazônia perdeu cerca de 8 mil km² de floresta, o maior número dos últimos 15 anos.
A degradação, primeiro passo para o corte total da vegetação, cresceu 5.322% em agosto de 2022, quando comparado com o mesmo período do ano passado. Somente nos 31 dias de agosto deste ano, foram degradados cerca de 1.000 km² de floresta, contra 18 km² de agosto de 2021.
O Cerrado também tem sido destruído pelo desmatamento. Somente no primeiro semestre deste ano, o bioma perdeu 4.728 km² de vegetação, uma alta de 15% em relação ao mesmo período do ano passado.
Amazônia, Cerrado e demais biomas brasileiros também enfrentam o poder destruidor das chamas. Em todo o país, já foram computados mais de 127 mil focos no ano, sendo cerca de 75 mil deles somente na Amazônia.
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