Há menos de uma semana, o Parque Nacional da Tijuca virou a casa de 4 macacos bugios (Alouatta guariba) oriundos ou de cativeiro ou de apreensões de órgãos ambientais. A reintrodução da espécie nativa aconteceu após esses bugios passarem 8 meses no Centro de Primatologia do Estado do Rio de Janeiro (CPRJ/INEA) para realização de exames, quarentena e formação do grupo social.
Após essa etapa, foi instalado um viveiro dentro do parque, que permitiu a adaptação gradual do grupo. Bugios vivem em bandos de 3 a 12 membros, sendo comandados por um macho dominante, que fica responsável pelo grupo. A adaptação de animais que viviam isolados num bando faz parte do treinamento para que a reintrodução da espécie na natureza possa ser realizada.
A soltura, realizada na última sexta-feira (04), foi considerada um sucesso.
Dos 4 animais, dois já exploram o ambiente do entorno e os outros dois ainda preferem se manter próximos do viveiro. Não é para menos, esses dois mais medrosos são oriundos de cativeiro e estão acostumados com as grades. Mesmo assim, o grupo se mantém coeso.
Outros grupos devem ser devolvidos à natureza nos próximos anos para estabelecer uma população viável a longo prazo.
Refaunação
A chegada desses novos moradores é parte de programa de reintrodução de espécies nativas localmente extintas na unidade de conservação. Ao longo da história da área que viria a se tornar o Parque Nacional da Tijuca, muitas espécies foram extintas no local devido a caça predatória e a destruição de habitats. A ocupação de cafezais no século XIX contribuiu para a retirada dessas espécies, que agora estão sendo reintroduzidas.
Em 2009, o parque reinseriu as cutias (Dasyprocta leporina) e agora os Bugios (Alouatta guariba).
Fernando Fernandez, pesquisador da UFRJ e colunista de ((o))eco, participa do projeto Refauna e explica a importância da iniciativa: “a refaunação permitirá recuperar processos ecológicos importantes que foram perdidos no ecossistema do Parque Nacional da Tijuca, especialmente a dispersão de sementes das grandes árvores. Isso é importante para garantir que a floresta possa conservar, a longo prazo, a sua biodiversidade”.
O programa de refaunação do PNT está sendo realizado por uma equipe composta de pesquisadores de várias instituições, especialmente a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Universidade Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e a equipe técnica do próprio Parque, coordenada pelo biólogo Ernesto Viveiros de Castro, chefe da unidade.
O Projeto Refauna é atualmente financiado com recursos da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
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Boa tarde,
Sou freguentador assíduo da Ilha grande, ficava alojado numa casinha na beira da mata e sempre era acordado 5 da manha pelos gritos dos macacos Bugios, porém de um ano pra cá não tenho escutado mais, ja caminhei por certas trilhas, faço um grito parecido pra ve se algum responde. Mas não tenho a resposta. Sugiro pesquisar e caso tenha sido dizimado por doença passadas, peço que introduza outros Bugio nessa área que muito importante para a natureza.
Eu quase não acreditei quando eu vi um macaco desse ai com meus próprios olhos , na subida da serra Grajaú Jacarepaguá nessa semana .
Ai vim aqui no google saber um pouco + , e fico sabendo q eles foram colocados la por biólogos , fico feliz com o trabalhos deles
Acho que essa reintrodução representa exemplo tecnicamente planejado do que os biólogos brasileiros pró-ativos podem fazer em benefício da conservação do país. Vamos torcer para que esta, e outras ações de ecologia aplicada, possam ter sucesso e repercussão.
esse animais são muitos importantes para o nosso país
Claro que o maior desafio vai ser o povo que acha bugio "gostoso" de comer. Na Serra do Mar continua sendo um dos bichos mais caçados.
Belo exemplo em meio a tantas notícias ruins envolvendo o meio ambiente. E como anda a população de cutias reintroduzidas?
Parabéns a todos. Isto mesmo é a AÇÂO que precisamos. Diagnósticos temos bastante, agora devemos aplicar os tratamentos necessários.
Parabéns aos envolvidos! Conseguir esse feito no cenário atual não é fácil!