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Mata Atlântica: estudo indica onde investir para conservar melhor

Uma estimativa publicada em revista científica identifica áreas prioritárias, que poderiam ajudar a salvar uma maior biodiversidade, com o menor custo possível

Vandré Fonseca ·
21 de junho de 2017 · 7 anos atrás
Espécies encontrada na Mata Atlântica. Uma nova abordagem sobre o custo-benefício para a conservação de anfíbios ajuda a identificar as áreas prioritárias para a conservação em um dos biomas mais diversos e ameaçados do planeta. Foto: Campos et. /Science Advances.
Espécies encontrada na Mata Atlântica. Uma nova abordagem sobre o custo-benefício para a conservação de anfíbios ajuda a identificar as áreas prioritárias para a conservação em um dos biomas mais diversos e ameaçados do planeta. Foto: Campos et. /Science Advances.

Manaus, AM – A proteção de áreas altamente prioritárias para a biodiversidade de anfíbios na Mata Atlântica, mas que estão fora de Unidades de Conservação, custaria U$ 26,5 milhões (cerca de R$ 88 milhões) por ano. A estimativa é apresentada em um artigo publicado nesta quarta-feira (21 de junho) na revista  Science Advances, assinado pelo biólogo brasileiro Felipe Siqueira Campos e outros três pesquisadores.

Esse investimento poderia proteger 90% da biodiversidade de anfíbios do bioma, levando em consideração também outros critérios, além da variedade de espécies. O estudo leva em consideração a diversidade filogenética, que demonstra a distância evolutiva, e também a funcional, que inclui características morfológicas, ecológicas e fisiológicas das espécies.

O mapeamento apresentado no estudo indica que a maior diversidade funcional e filogenética de anfíbios a Mata Atlântica está na porção leste do bioma, da região central em direção ao nordeste. As áreas consideradas de mais alta prioridade estão principalmente nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. A Mata Atlântica abriga mais da metade dos anfíbios encontrados no Brasil, mas apenas 12,9% dela está preservada.

Estudo leva em consideração não apenas a diversidade de espécies, mas também características genéticas que elas carregam e funções biológicas, como a morfologia. Foto: Campos et. /Science Advances.
Estudo leva em consideração não apenas a diversidade de espécies, mas também características genéticas que elas carregam e funções biológicas, como a morfologia. Foto: Campos et. /Science Advances.

Segundo os autores, a soma desses critérios ajuda a compreender melhor o que pode ocorrer com a biodiversidade no futuro. “A utilização simultânea de diversidade funcional, filogenética e taxonômica pode ajudar a prever os efeitos de competição e filtragem ambiental nas comunidades ecológicas”, afirma Felipe Campos, que há quatro anos está na Espanha cursando doutorado na Universidade de Barcelona.

No estudo, os pesquisadores apresentam três modelos para representar a máxima biodiversidade (50%, 70% e 90%) que poderia ser protegida com o menor custo possível. Foram consideradas apenas áreas fora de unidades de conservação e que abrigavam pelo menos uma espécie ameaçada.

Eles concluíram que um total de 1.995,28 quilômetros quadrados de Mata Atlântica devem ser considerados como de alta prioridade para a conservação. De acordo com o estudo, hoje existem 9.309 quilômetros quadrados de áreas protegidas na Mata Atlântica (2.316,74 quilômetros quadrados de uso restrito).

O cálculo leva em consideração um estudo publicado na revista Science em 2014, que apontou o valor de US$ 13.227,00 anuais a serem pagos em média por serviços ambientais para cada quilômetro quadrado de Mata Atlântica preservada. “É um valor pequeno anual, que pode vir de um incentivo fiscal do governo ou uma ong ou empresa privada, que pode pagar por compensação ambiental”, acredita o biólogo brasileiro.

 

Saiba Mais

Artigo: Cost-effective conservation of amphibian ecology and evolution.

 

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Comentários 2

  1. ombudsman grátis diz:

    Tanta especie pra mostrar da Mata Atlântica e colocam pra ilustrar a matéria um cururuzão véio de guerra…aôôr estagiários!!!


  2. paulo diz:

    Boa matéria.
    Não esqueçam dos sapos dourados do sul do Brasil. Em Santa catarina temos , o morro do quiriri no planalto norte, divisa com o Paraná, que lá se acampa de qq jeito, com trilhas , inclusive para motos. Temos o morro do Baú em Ilhota, que até agora não foi criada a Unidade de Conservação, com corte da vegetação e pista de pouso para helicoptero e instalação de várias antenas de telecomunicação, sem qualquer critério e licenciamento ambiental. Pagando pode colocar.