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Mesmo com queda no desmatamento, fogo no entorno da BR-319 continua aumentando

Estudo publicado pelo Observatório da BR-319 traz dados de queimadas e desmatamento entre os anos de 2010 a 2024 na região de influência da rodovia

Cristiane Prizibisczki ·
26 de fevereiro de 2025

Estudo publicado nesta terça-feira (25) pelo Observatório da BR-319 mostra que as ações governamentais conseguiram conter, nos últimos dois anos, o desmatamento nos municípios situados na área de influência da rodovia federal que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO), mas o fogo continua um problema.

A “Retrospectiva 2024: Desmatamento e focos de calor na área de influência da rodovia BR-319” traz dados e análises do cenário de fogo e destruição da vegetação nativa em 13 municípios, 42 Unidades de Conservação e 69 Terras Indígenas, no período de 2010 a 2024

Os dados apresentados no estudo – oriundos de diferentes fontes – foram compilados e sistematizados pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam). Eles são considerados, pelo Observatório da BR-319, como um marco para as análises e uma base para entender melhor as dinâmicas do Interflúvio Madeira-Purus

As informações do estudo demonstram uma trajetória complexa do desmatamento e dos focos de calor na área de influência da BR-319. Há um padrão de crescimento do desmatamento até 2022, seguido por uma redução significativa em 2023 e 2024. No entanto, os focos de calor apresentam variações mais instáveis, com tendência de aumento a partir de 2014.

Entre 2010 e 2024, o ano que menos queimou foi 2013, quando foram computados 2.986 focos nos 13 municípios da área de influência da rodovia. O maior valor foi registrado em 2022, quando 14.183 focos foram computados, ganhando somente de 2024, quando 13.616 focos atingiram tais cidades.

“Isso indica que, embora o desmatamento esteja sendo contido em algumas regiões, ainda há desafios na contenção de incêndios florestais. Além disso, o aumento de desmatamento em Unidades de Conservação federais, como a Floresta Nacional (Flona) do Bom Futuro em Rondônia e o Parque Nacional (Parna) Mapinguari entre Amazonas e Rondônia, preocupa, pois indica pressão crescente sobre Áreas Protegidas, que como o próprio nome indica, deveriam estar resguardadas dessas situações. Assim, com tudo que foi apresentado na retrospectiva, podemos afirmar que, melhorar a fiscalização é fundamental para se poder pensar novamente em pavimentação”, explica Heitor Paulo Pinheiro, especialista em geoprocessamento e analista do Idesam.

Segundo o Observatório, o poder público precisa “tomar as rédeas do processo de licenciamento e outras obras em andamento da rodovia”. Segundo eles, é essencial qualificar a governança local, dando condições para que o Estado esteja presente, tanto com órgãos de comando e controle, quanto com assistência social, em saúde, educação e acesso a direitos.

Acesse a publicação aqui.

  • Cristiane Prizibisczki

    Jornalista com quase 20 anos de experiência na cobertura de temas como conservação, biodiversidade, política ambiental e mudanças climáticas. Já escreveu para UOL, Editora Abril, Editora Globo e Ecosystem Marketplace e desde 2006 colabora com ((o))eco. Adora ser a voz dos bichos e das plantas.

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