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Investimento em mineração integra as propostas dos dois principais candidatos ao governo do Amapá 

Candidatos ao governo defendem a extração de minérios como solução para economia do estado menos desmatado da Amazônia

Fabio Pontes ·
6 de setembro de 2022 · 2 anos atrás

Com o Amapá tendo 77% de seu território dispondo de cobertura florestal, os dois principais candidatos ao governo estadual apresentam poucas propostas concretas para a política ambiental. Por outro lado, defenderam o fortalecimento da mineração como uma das principais atividades para o desenvolvimento econômico do estado. 

Localizado no extremo norte do país e “isolado” do ponto de vista de conexões rodoviárias, o Amapá detém grande potencial para exploração mineral, tanto em terra quanto em sua costa litorânea. A mineração também fez parte da história de ocupação deste estado, com intensivos projetos ainda na década de 1950, como o da Serra do Navio.

A um mês das eleições, hoje a disputa está polarizada entre o ex-prefeito de Macapá, Clécio Luís, do Solidariedade (SDD), e o atual vice-governador, Jaime Nunes, do Partido Social Democrático (PSD). 

De acordo com a pesquisa Ipec/Rede Amazônica, divulgada em 24 de agosto, Clécio tem 41% das intenções de votos, enquanto Jaime Nunes ficaria com 35%. A sondagem ouviu 800 eleitores amapaenses em oito cidades. Ela está registrada no TRE-AP com o número 01513/2022. 

O tema mineração entrou ainda mais em debate na política local após a Petrobras anunciar, no começo de agosto, que vai perfurar seis poços de petróleo na linha de fronteira do Amapá com a Guiana Francesa. Ao todo, a petroleira vai explorar oito poços na chamada margem equatorial entre 2022 e 2025, com investimentos de US$ 1 bilhão.  

O anúncio foi comemorado por todos os setores políticos do estado, já que os investimentos são vistos como geradores de emprego e de movimentar a economia do estado. A exploração dos recursos minerais no Amapá data ainda da segunda metade do século passado. A cidade de Serra do Navio, por exemplo, surgiu a partir da estrutura criada para abrigar os funcionários de uma mineradora. Até hoje o município tem na mineração a sua principal atividade econômica. 

Em seu plano de governo, o preferido das intenções de voto, Clécio Luís, fala em “fortalecer o programa de desenvolvimento do setor mineral, com incentivo às atividades cooperativas e mineração industrial”. Outra proposta é criar o Plano Estadual de Agregados Minerais para o “ordenamento territorial da atividade” mineradora, além de implementar os distritos minerais de Vila Nova e Lourenço.

Clécio Luís também propõe fazer a inserção do Amapá no mercado de carbono e de pagamento por serviços ambientais. Outro ponto é “ampliar as ações de concessão e de manejo florestal”, e o uso sustentável dos recursos naturais disponíveis dentro das unidades de conservação do estado. Ele ainda defende fortalecer o plano estadual de combate ao desmatamento e às queimadas. 

O plano de Jaime June apresenta outros pontos mais específicos para o meio ambiente. Já com um programa de governo mais enxuto, o atual vice-governador cita a mineração em um único ponto, ao propor a criação da Agência de Mineração e Energia do Amapá. No campo de promessas para a área econômica, o candidato diz que vai “dinamizar e desburocratizar o licenciamento ambiental”, um tema defendido pelo atual presidente e candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro.  

Dentro da Amazônia Legal, o Amapá tem a menor área de floresta desmatada desde 1988, segundo os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O estado responde por apenas 0,33% da área total desmatada no bioma desde então, o que representa uma área de 1,6 mil km2.

  • Fabio Pontes

    Fabio Pontes é jornalista com atuação na Amazônia, especializado nas coberturas das questões que envolvem o bioma desde 2010.

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Comentários 1

  1. Glauco diz:

    QUE PENA, UMA EMPRESA QUE É LÍDER EM EXTRAÇAO EM AGUAS PROFUNDAS COM TECNOLOGIA E SEGURANÇA AMBIENTAL SER TRATADA ASSIM COM AUTORITARISMO AMBIENTAL.POR OUTRO LADO A AMAPÁ , ESTADO ISOLADO E POBRE, PERDE UMA GRANDE CHANCE ECONOMICA.QUEM VAI COMPENSAR FINANCEIRAMENTE O ESTADO POR ESSA PSEUDO CONSERVAÇAO?