As redes ficaram em polvorosa com a notícia de que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, teria o objetivo de transformar um prédio histórico dentro do Jardim Botânico do Rio de Janeiro em um hotel-boutique. A construção, datada do final do século XIX, hoje abriga o Museu do Meio Ambiente. Por meio de nota oficial, o Ministério do Meio Ambiente se pronunciou sobre o caso e esclareceu que “o projeto de concessão do espaço ainda está em fase de análise e estudos”, sem confirmar se o plano seria ou não transformar o lugar em um hotel. A justificativa para a concessão são os altos gastos de funcionamento e manutenção do do museu, que teria um custo mensal superior a 100 mil reais, de acordo com o Ministério.
“A administração do JBRJ tem buscado soluções para a gestão eficiente dos seus espaços, alguns muito onerosos e subutilizados. A participação da iniciativa privada, especialmente no corredor cultural, tem muito potencial”, descreve o comunicado oficial, publicado nesta segunda-feira. O museu ocupa uma área de 800 m² dentro do prédio, de dois andares e 1.780 m², que está localizado no interior do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – que é quem administra atualmente o espaço. O JB possui uma média de 600 mil visitantes por ano.
A notícia de que a intenção de Ricardo Salles seria transformar o museu em hotel-boutique foi dada pelo jornalista Lauro Jardim na edição deste domingo (06) do jornal O Globo. Em resposta ao rumor, foi criado um abaixo-assinado no próprio domingo, contra a proposta do hotel-boutique, que já conta com mais de 20 mil assinaturas. O texto da campanha reforça que o atual museu é um espaço que abriga exposições, palestras e eventos relacionados à causa ambiental, assim como à pesquisa sobre a natureza. “Não podemos permitir que este espaço público seja oferecido à iniciativa privada e transformado em lazer para poucos. O Museu do Meio Ambiente é de todos e assim deve permanecer”, alerta o abaixo-assinado.
Segundo a nota oficial do Ministério, em breve será inaugurada uma reserva técnica inédita, com área adequada para organização e centralização de todo o acervo histórico do órgão. O valor da transferência não foi divulgado.
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Evidente que o poder público deixa muito a desejar na preservação de patrimônio histórico de qualquer ordem. Daí a elitizar espaços públicos, transformando-os e hotel, vai lá uma grande distância. Creio que no futuro, assim como o australopithecus, alguns apoiadores de iniciativas oportunistas terão seus crânios exibidos em museus.
Se tivesse passado para iniciativa privada o Museu do Rio de Janeiro acho que teríamos muito de nossa história e relíquia preservando