Os bugios são macacos extremamente sensíveis à febre amarela, o que faz deles grandes sentinelas para indicar a circulação do vírus no ambiente silvestre e soar o alerta para seus “primos”, os primatas humanos. E o alerta foi dado, com a morte de quatro bugios, encontrados entre os dias 25 e 26 de dezembro, no campus da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto. Os animais foram coletados para análise no Instituto Adolfo Lutz e, no dia 5 de janeiro, foi confirmada a detecção do vírus da febre amarela nos quatro macacos. A confirmação fez com que o Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac” (CVE/SP), do governo estadual de São Paulo, publicasse um alerta em que reforça a importância da vacinação das pessoas no estado.
O campus onde os bugios (Alouatta caraya) foram encontrados está localizado na zona urbana do município e possui fragmentos florestais que somam mais de 100 hectares de mata. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto, um quinto bugio foi encontrado morto no campus nesta terça-feira (7) e foi enviado para análise no Instituto Adolfo Lutz para confirmar se também houve infecção pelo vírus.
O alerta epidemiológico, publicado pelo CVE no dia 6 de janeiro, destaca que a detecção dos primatas infectados por febre amarela é considerado “um evento sentinela em Saúde Pública, pois sinaliza precocemente a circulação do vírus e, consequentemente, o risco iminente de exposição de seres humanos”.
“Portanto, é fundamental que todos os Municípios do Estado de São Paulo intensifiquem as ações de vacinação contra Febre Amarela na população visando aumentar a cobertura vacinal”, reforça o texto, para evitar a transmissão e prevenir um possível surto epidêmico da doença.
A vacina é o principal mecanismo de combate e prevenção à doença. Basta uma dose única para imunizar uma pessoa por toda a vida. Ela é disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pode ser encontrada em postos municipais.
De acordo com a Prefeitura de Ribeirão Preto, mais de 20 mil doses da vacina foram disponibilizadas ao município após o alerta e, desde a manhã da última sexta-feira (3), equipes da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde iniciaram a imunização de pessoas que moram ou trabalham no campus da universidade e que nunca haviam se vacinado contra a doença. A vacinação está sendo feita na Unidade Básica de Atenção à Saúde (Ubas) da USP.
Atualmente, não há nenhum registro de febre amarela em humanos no município ou arredores.
O município de Ribeirão Preto está a cerca de 300 quilômetros da capital paulista e a menos de 100 quilômetros da divisa com o estado de Minas Gerais.
Entre dezembro e maio, o volume maior de chuvas aumenta a proliferação dos mosquitos – Haemagogues, Sabethes e Aedes aegypti – responsáveis por transmitir a doença.
O último surto da doença na Região Sudeste começou justamente em dezembro de 2016 e estendeu-se até meados de 2018. Do lado silvestre, as populações de bugios-ruivos (Alouatta guariba) e de micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia), ambas espécies ameaçadas de extinção, foram as principais atingidas.
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