Notícias

Protesto pede embargo de obra da tirolesa no Pão de Açúcar, no Rio

Ambientalistas, moradores e montanhistas se reuniram neste domingo (26) para protestar contra tirolesa e “complexo turístico” proposto para os morros do Pão de Açúcar e da Urca, no Rio de Janeiro

Duda Menegassi ·
27 de março de 2023 · 1 anos atrás

Neste domingo (26), cerca de cem pessoas se reuniram aos pés do Pão de Açúcar e do Morro da Urca, no Rio de Janeiro, para protestar contra a construção de uma tirolesa no morro que é cartão-postal da cidade. A manifestação, autointitulada “abraço no Pão de Açúcar”, reuniu moradores, ambientalistas e montanhistas que juntos entoaram o grito “fora tirolesa”. A estrutura, que irá conectar os dois morros numa descida de 755 metros de extensão e pode chegar a 100 quilômetros por hora, já foi aprovada pelos órgãos competentes. 

Além de uma unidade de conservação – o Monumento Natural Municipal dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca – a paisagem dos morros é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que autorizou a licença para construção da tirolesa. O Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) também autorizou a intervenção, licenciada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS). Há ainda outros projetos protocolados junto ao Iphan que preveem uma ampliação da área construída no topo dos dois morros e que ainda aguardam parecer do órgão.

O Complexo do Pão de Açúcar é reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco desde 2012.

Todas as estruturas são propostas do Parque Bondinho Pão de Açúcar (a antiga Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar), empresa que gerencia os complexos nos topos dos morros. A companhia explica que todas as licenças para execução do projeto da tirolesa foram obtidas há cerca de dois anos e que a ampliação da área construída ainda é um estudo preliminar.

Com placas como “Monumento tombado não é parque de diversão” e “embargo já”, os manifestantes protestaram contra o que afirmam ser uma total descaracterização dos morros e um desrespeito ambiental. Um abaixo-assinado virtual organizado pelo movimento “Pão de Açúcar sem tirolesa” já reunia mais de 11.500 assinaturas até a tarde desta segunda-feira (27).

Manifestantes entoaram o grito de “Fora tirolesa” e pediram pelo embargo das obras nos morros da Urca e do Pão de Açúcar. Vídeo: Arquivo do Movimento Pão de Açúcar Sem Tirolesa

“Se trata da descaracterização de um monumento natural”, afirmou o deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ), que compareceu ao ato. Minc anunciou ainda que nesta terça-feira (28) irá protocolar um projeto de lei na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), preparado pelo Grupo Ação Ecológica (GAE), para preservar, em definitivo, a área verde do entorno do Pão de Açúcar e da Urca, e congelar o volume das estruturas de concreto que já existem. “Esses são os dois pontos principais, tombar toda a área florestada e congelar o volume da construção”, explicou o parlamentar durante o protesto.

Em nota, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAC) informou que acompanha e fiscaliza a obra da tirolesa e que, ao tomar ciência de algumas perfurações em rochas, paralisou as intervenções neste trecho, até que seja emitido um parecer da Geo-Rio – responsável pela gestão do risco geológico-geotécnico no município. A fundação esclarece que aguarda a empresa cumprir as exigências para emitir a licença das obras relativas ao trecho, que seguem paralisadas.

  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

Leia também

Análises
13 de março de 2023

A tirolesa da discórdia

Multi-tirolesa anunciada no Pão de Açúcar revolta moradores, ambientalistas e montanhistas

Análises
3 de março de 2023

Tirolesa do Pão de Açúcar é a Tirolesa do Rio!

A implementação de uma tirolesa de 755 metros entre os morros da Urca e do Pão de Açúcar é uma oportunidade de fomentar o mercado do Ecoturismo e Turismo de Aventura na cidade

Notícias
16 de janeiro de 2023

Do macro ao micro: do Pão de Açúcar ao monumento natural em fotos

Livro do fotógrafo Rafael Duarte aproxima o olhar do público sobre a Mata Atlântica e a biodiversidade nem sempre vista do cartão-postal do Rio de Janeiro

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Comentários 2

  1. Sávio Teixeira diz:

    Duda,
    1) o nome da Unidade de Conservação municipal é “Monumento Natural dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca”. Uma simples checada no Google e você teria o nome correto da UC, que é a mais visitada no Rio;
    2) O nome correto do GAE é Grupo Ação Ecológica” (sem o “de”);
    3) 100 pessoas? Pode dobrar essa quantidade sem medo de errar, pois o cálculo que vc fez não corresponde à realidade;
    4) …autointitulada (grafia);
    5) …manifestação autointitulada…(…manifestação intitulada ou autointitulada (pelos organizadores de) “Abraço ao Pão de Açúcar”;
    6) …”a paisagem dos morros é tombada…O correto seria: os Morros do Pão de Açúcar e da Urca são tombados pelo Iphan pela importância na composição da paisagem cultural do Rio (ou seja, são os morros que são tombados, e não a paisagem);
    7) …Iphan, que “autorizou a licença para a construção das tirolesas” (O correto seria “…Iphan, que concedeu a licença para a construção das tirolesas);
    8) …Secretaria do Ambiente e Sustentabilidade…(o correto: Secretaria Municipal do Ambiente e Clima (SMAC);
    9) Todas as estruturas são propostas pelo Parque Bondinho Pão de Açúcar (…são propostas pela Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar. Parque Bondinho…é nome de fantasia, portanto não pode propor nada):
    10) …que gerencia os complexos nos topos dos morros (…que administra o complexo nos topos dos morros (por terem a concessão ou o direito de uso)).
    Sávio


    1. Duda Menegassi diz:

      Obrigada pelas correções, Sávio. Com relação ao número de pessoas, usei a informação que o próprio deputado Carlos Minc, presente no ato, me encaminhou, de aproximadamente uma centena de pessoas