A dois dias do fim do mês de julho, o número de focos de queimadas no Pantanal já é mais que o triplo do que o mês inteiro em 2019. Foram 1.601 focos de calor registrados até o dia 29 de julho contra 494 no ano passado. Um aumento de cerca de 224%. As informações são do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). É o maior número de focos de incêndio no mês de julho no Pantanal desde 1998, quando começou o monitoramento do INPE.
Antes mesmo do final do mês, os focos já representam um aumento de 27,2% com relação ao ano de 2005, que detinha o recorde para o período, com 1.259 focos. No somatório do ano, 2020 já contabiliza 4.135 focos de queimadas antes mesmo dos meses de agosto e setembro, que costumam registrar os maiores índices de fogo, o que tem ligado o alerta de especialistas de que este ano pode superar os 10.025 focos do ano passado.
Um dos principais fatores para o aumento das queimadas no bioma está no fato de que o rio Paraguai, que cruza a região pantaneira, não encheu esse ano. Com isso, boa parte das planícies alagáveis do Pantanal não alagaram e ficaram secas, em condições propícias ao alastramento do fogo. Esse é o nível mais baixo de água registrado nas últimas décadas no rio Paraguai.
A Nasa, agência espacial americana, divulgou uma imagem de satélite onde é possível comparar como o rio Paraguai fica durante um ano normal de cheia e como ele está esse ano. A diferença é gritante.
A prolonged period of unusually warm weather and drought in southern Brazil, Paraguay, and northern Argentina has dropped the Paraná River to its lowest water levels in decades. https://t.co/DmhNONLGbb pic.twitter.com/VSNGUfcVL6
— NASA Earth (@NASAEarth) July 29, 2020
Tradução: Um período prolongado de clima incomumente quente e seco no sul do Brasil, no Paraguai e norte da Argentina reduziu o rio Paraná para os níveis de água mais baixos em décadas.
Mato Grosso do Sul em estado de emergência
O governo do Mato Grosso do Sul, onde estão concentrados os maiores focos de fogo, decretou estado de emergência ambiental na última sexta-feira (24) e pediu reforços para combater os incêndios. O decreto é válido por 180 dias. O estado registrou 3.971 focos no ano até esta quarta-feira (29), de acordo com o monitoramento do INPE, um aumento de 86% com relação ao mesmo período em 2019. Apenas em julho já foram 1.244 focos. O estado é dividido entre os biomas Pantanal e Cerrado, e uma pequena área de Mata Atlântica.
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Precisamos de planejamento urgente de combate ao fogo nos nossos Biomas.
Temos grandes rios de largura e profundidade, compatíveis ao pouso de aviões grandes para grandes cargas de água.
Falta vontade dos políticos.