A redução de áreas verdes nas cidades é terreno fértil para mosquitos vetores de doenças, como o Aedes aegypti (dengue) e o Culex quinquefasciatus (filariose linfática). Mais adaptados às áreas urbanas, eles são favorecidos pelo declínio da população de outras espécies de mosquitos.
Um estudo publicado pela revista Scientific Reports explica que enquanto a maioria das espécies de mosquitos mostram preferência por tipos específicos de habitats larvais e são muito sensíveis às mudanças ambientais, alguns tendem a prosperar em ambientes com impacto humano, como as áreas urbanas. Com isso, vetores de patógenos que causam doenças em humanos acabam sendo beneficiados adaptativamente.
O município de São Paulo é um exemplo e serviu como cenário para a pesquisa. Dos insetos coletados no estudo em nove parques municipais da cidade, 68% pertenciam a cinco espécies: Culex nigripalpus, Aedes albopictus, Cx. quinquefasciatus, Ae. fluviatilis e Ae. scapularis. Outras espécies de vetores – Cx. declarator, Ae. aegypti, Cx. chidesteri, Limatus durhami e Cx. lygrus – também foram encontradas com maior frequência nos parques urbanos.
Esses resultados sugerem que existe uma relação área-espécie, uma vez que as maiores áreas têm maior diversidade de habitat, são metas maiores para os colonizadores e mantém populações maiores, tornando as espécies menos vulneráveis à extinção. Sete das oito espécies mais comumente encontradas são consideradas vetores de agentes patogênicos humanos, sugerindo uma possível ligação entre a perda de espécies e o aumento do risco de transmissão de patógenos.
Não é possível afirmar com certeza se há um maior risco de transmissão de patógenos, mas sim uma possibilidade maior de contato entre os mosquitos vetores e humanos. O que o estudo mostra é que existe um desequilíbrio, áreas menores e menos preservadas têm menor diversidade de espécies.
Na pesquisa, os autores apontam para a necessidade de se realizar mais trabalhos que busquem entender como a perda de espécies pode afetar o risco de doenças infecciosas em áreas urbanas.
*Com informações da Agência FAPESP
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A eliminação do vetor pu hospedeiro intermediário (mosquito) pode contribuir para controlar uma determinada doença. Ou ainda eliminar ou impedir a ação do agente causal (vacinas). Não interessa eliminar o hospedeiro definitivo (nós e os macacos, por exemplo). Na natureza esses "vetores" (consumidores hematófagos) fazem parte da dieta de diversos predadores insetívoros, alados ou não. Fatores limitantes (físicos, químicos ou biológicos) contribuem para a depleção de suas populações e alteram a relação presa-predador. Considero que um estudo sobre quem são os predadores mais atuante em cada região ( e quem são os fatores mais relevantes) poderia ajudar a compreender a realidade atual. Áreas florestadas urbanas visitadas por espécies predadoras ajudam a eliminar esses vetores. É como ocorre no controle biológico de "pragas", onde a bibliografia é vasta. No entanto o uso de inseticidas como preferência nacional (propaganda maciça) pode estar mascarando soluções relevantes para o controle biológico de "vetores" que não estão sendo devidamente consideradas. É possível que já existam trabalhos nesse sentido mas pode ser que não estejam sendo bem aproveitados como deveriam. Assim como existe oportunismo para vetores podemos ter oportunismo para predadores. Ocorre por exemplo, que peixes que comem larvas precisam ter água com qualidade mínima para sua sobrevivências. A poluição e drogas químicas não estão permitindo que predadores possam se instalar "saudavelmente" em diversas áreas urbanas. Quem sabe possa ser uma sugestão interessante.
Então, explique Ciro.
Estamos a aguardar.
Fosse na Amazônia era desmatamento. Mas como é em São Paulo é redução de áreas verdes.
Muito legal o viés da página de vocês.
Parabéns!!
Boa kkkk