Nesta segunda-feira (07), o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) decidiu, por unanimidade, iniciar o processo de tombamento do Jardim Alfomares, uma área de Mata Atlântica remanescente em plena capital paulista. O terreno, localizado no bairro Alto da Boa Vista, zona sul de São Paulo, estava na mira para construção de um condomínio. São 6,3 hectares, e cerca de 2 mil árvores, entre elas, espécies como o palmito-juçara e o catiguá-arco-de-peneira.
O Jardim Alfomares era alvo de uma disputa judicial há quase duas décadas. Em 2004, a Prefeitura de São Paulo aprovou que ali fosse construído um condomínio de luxo da empresa Viver Incorporadora. O empreendimento foi barrado por uma ação civil pública, em tramitação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), e, desde então, não havia certeza qual seria o destino deste raro remanescente da Mata Atlântica na capital paulista.
O pedido para abertura do processo de tombamento estava arquivado desde 2003, aguardando votação no Conselho. Com a decisão preliminar do Conpresp, que teve uma abstenção e os demais votos favoráveis, o Jardim Alfomares fica provisoriamente tombado enquanto estudos mais aprofundados são realizados no local. O status, ainda que provisório, impede que qualquer intervenção seja feita no terreno sem a anuência do órgão. Os novos estudos, uma vez concluídos, servirão de base para a deliberação final do Conselho sobre o destino da floresta.
Além do valor ecológico da área, que abriga diversas espécies de fauna e flora, inclusive ameaçadas, durante a reunião foi apontado também o valor cultural comunitário do Jardim para identidade e memória dos moradores do bairro. Um abaixo-assinado feito em favor do tombamento do Jardim Alfomares está aberto online e já conta com mais de 69 mil assinaturas até a tarde desta terça-feira (08).
De acordo com informações do movimento SOS Jardim Alfomares, criado pela Associação dos Amigos do Alto da Boa Vista, no local já foram contabilizadas 62 espécies de animais, a maioria aves, sendo 5 endêmicas da Mata Atlântica. Em nota, o movimento comemorou a aprovação no Conpresp, que representa “uma vitória coletiva e o entendimento dos Srs. Conselheiros sobre questões histórico-culturais na preservação ambiental desta área”.
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