Notícias

STF retoma julgamento do pacote verde e forma maioria contra decreto de Bolsonaro

Decreto em pauta excluiu sociedade civil do conselho deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente. Placar parcial está em 9 a 1. Falta apenas voto de Fux

Cristiane Prizibisczki ·
27 de abril de 2022 · 3 anos atrás

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta quarta-feira (27) o julgamento de ações ambientais do “Pacote Verde”, com a formação de maioria para derrubar um decreto do presidente Jair Bolsonaro que excluiu a sociedade civil do conselho deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA). 

O placar parcial está em 9 a 1. O julgamento, suspenso devido ao fim do tempo regulamentar do debate, será retomado amanhã (28) com o voto do presidente da Suprema Corte, ministro Luiz Fux.

O processo que está sendo julgado é a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 651, que pede que seja declarado inconstitucional o Decreto Federal nº 10.224/2020. 

Além do mérito da ADPF 651, os ministros também estão julgando o pedido de inclusão de outros atos do Governo Federal que interferem na participação da sociedade civil em conselhos ambientais. 

A ADPF 651, proposta pelo partido Rede Sustentabilidade, inicialmente era contrária apenas ao Decreto 10.224/2020. Posteriormente, o partido aditou o pedido para questionar, também, o Decreto 10.10239/2020, que afastou a participação de governadores no Conselho Nacional da Amazônia Legal, e o Decreto 10.223/2020, que extinguiu o Comitê Orientador do Fundo Amazônia.

Durante o julgamento, a ministra Cármen Lúcia, relatora da ação, defendeu que a eliminação da presença em número suficiente de representantes da sociedade civil na composição de colegiados ambientais enfraquece os órgãos de controle e contraria os princípios constitucionais da vedação ao retrocesso e da igualdade.

Segundo ela, a exclusão também confere ao Poder Executivo o controle exclusivo de decisões e neutraliza o caráter plural, crítico e diversificado que deve ser inerente à atuação dos órgãos colegiados federais.

A ministra foi seguida por Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Roberto Barroso e Dias Toffoli. André Mendonça apesar de ter votado a favor da inconstitucionalidade do decreto sobre o Fundo Nacional do Meio Ambiente, foi contra os pedidos adicionais relativos ao Conselho Nacional da Amazônia Legal e ao Comitê Orientador do Fundo Amazônia. Rosa Weber e Gilmar Mendes acompanharam Mendonça. 

O ministro Nunes Marques abriu a divergência e votou pela improcedência da ADPF 651 e dos pedidos de aditamento. Na sua avaliação, não há obrigatoriedade constitucional ou legal da participação popular no conselho do FNMA. 

Pacote Verde

O Pacote Verde é formado por processos relacionados ao meio ambiente e dizem respeito a atos e omissões do Governo Federal que levaram ao desmonte das leis ambientais brasileiras, à desproteção do meio ambiente como um todo e, em especial, da Amazônia. 

Ao todo, sete ações estão na pauta do julgamento, que começou no final de março e é considerado histórico para o Direito Ambiental do Brasil e para a litigância climática internacional. Nenhuma das ações ainda foi julgada.

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

Leia também

Notícias
7 de abril de 2022

“Temos que ter cautela”, diz Aras sobre a participação de ONGs em colegiados ambientais

Procurador-geral da República defendeu ato do Governo Federal no julgamento do “pacote verde” no Supremo Tribunal Federal. Debates serão retomados na próxima semana

Notícias
13 de abril de 2022

Movimentos negro e indígena pedem que STF inclua questões de raça em julgamento de litígio climático

Em carta assinada por mais de 250 organizações, movimentos reforçam a necessidade da criação de políticas públicas ambientais específicas para grupos marginalizados

Salada Verde
8 de abril de 2022

Confira a íntegra do voto histórico de Cármen Lúcia no “pacote verde” do STF

Voto refere-se a duas ações relativas aos atos e omissões do Governo Federal que levaram ao aumento da destruição na Amazônia. Após pedido de vista, julgamento dos processos foi adiado

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.