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Tangará-do-oeste é registrado pela primeira vez na Amazônia brasileira

Pesquisa revisa distribuição geográfica da espécie, que acreditava-se ser restrita ao Peru e Colômbia. Descoberta pode ajudar a explicar história da formação do bioma

Cristiane Prizibisczki ·
2 de abril de 2024

Estudo realizado por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) revelou que a distribuição do tangará-do-oeste, ave de penas pretas com manchas azuis e vermelhas, é bem maior do que se imaginava. 

Com ocorrência inicial restrita à Colômbia e Peru, o estudo, publicado na última sexta-feira (29) na revista científica Acta Amazônica, revelou que a ave também pode ser encontrada no Brasil. A descoberta muda a base de conhecimento sobre o  pássaro e também sobre a própria formação da Amazônia.

O registro é resultado de um esforço dos pesquisadores em revisar a distribuição de três aves diferentes, porém próximas, que eram consideradas uma única espécie: o tangará-do-oeste (Chiroxiphia napensis), o tangará-príncipe (C. pareola) e o tangará-de-coroa-amarela (C. regina).

Essas três aves são comumente reconhecidas como populações da espécie tangará-príncipe. No entanto, além de apresentarem diferenças na plumagem, análises de DNA já as haviam identificado como espécies diferentes. 

A partir da observação de exemplares do acervo do INPA, os pesquisadores identificaram a nova área de ocorrência do tangará-do-oeste, entre os rios Japurá e Alto Amazonas. 

A descoberta indica um padrão incomum de distribuição e que pode estar relacionado ao fenômeno conhecido como “avulsão fluvial”, que é a mudança brusca de curso de um rio pelo rompimento da margem. 

“Olhando a distribuição da espécie a gente já consegue pensar em como a Amazônia se formou, como que a biodiversidade se formou… Talvez essa espécie possa ter se formado a partir desses movimentos geológicos que ainda estão começando a ser estudados. Então, a gente começa a pensar que essa distribuição diferente tem a ver com a própria história de formação da bacia Amazônica”, explicou a ((o))eco o pesquisador Arthur Gomes, um dos autores do artigo.

Os resultados alteram a compreensão atual sobre a biodiversidade da Amazônia e têm implicações diretas para a conservação dessas espécies. Com uma distribuição geográfica mais ampla do que se pensava anteriormente, medidas de proteção podem ser ajustadas para garantir a preservação dessas aves. 

Além disso, a pesquisa desafia a noção de que grandes áreas da Amazônia são homogêneas em termos de biodiversidade, mostrando que há muito ainda a ser descoberto.

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

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