Reportagens
19 de agosto de 2004

A arte de salvar baleias

O Ibama marcou reunião para criar o primeiro grupo de resgate de baleias encalhadas no Brasil. O projeto começa pelo Rio de Janeiro. Se der certo, se expandirá para o país.

Por Hélio Muniz
19 de agosto de 2004
Notícias
19 de agosto de 2004

Natura

A Natura, empresa brasileira de cosméticos e perfumaria que, recentemente abriu seu capital, vai descobrindo que a necessidade de se comunicar com o mercado implica em um grau muito maior de discussão pública de sua estratégia empresarial. O que no seu caso significa discutir também iniciativas de desenvolvimento sustentável, projetos ambientais e parcerias sociais, e exibir no relatório anual, ao lado dos indicadores econômico-financeiros, sete páginas de indicadores de desempenho ambiental. Vale a pena? Pelo menos neste caso parece que sim. Em reunião com analistas financeiros na quarta-feira em Cajamar, o presidente Pedro Passos indicou que a imagem ecologicamente responsável da empresa ajudou a vender suas ações para investidores estrangeiros, que absorveram 70% do total de ações ofertadas.

Por Manoel Francisco Brito
19 de agosto de 2004
Análises
18 de agosto de 2004

Impacto ambiental do governo Lula III

De Israel Klabin (Presidente da FBDS - Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável) Prezada Maria Teresa, O seu artigo publicado no "O ECO", de 4 de agosto de 2004, produziu uma corrente de solidariedade em volta de suas críticas e obrigou a todos nós, que há tantos anos vimos trabalhando na área de meio ambiente, um despertar de consciência.  Isto nos levou a uma análise que em muitos pontos condiz com o que você pensa; em outros pontos, eu acrescentaria outra leva de preocupações que, apesar de não estarem expressas em seu artigo, tenho a certeza de que também são suas. 1. Estou inteiramente de acordo que a integração sociedade civil + universo acadêmico e científico + instituições governamentais deva ser a base de uma política ambiental sadia e eficiente.  Para isso acreditamos que o sistema de governança e o processo decisório dentro do CONAMA precisam ser mais bem elaborados para tornarem-se mais eficientes.  Estamos de acordo que devemos fazer uma muralha de defesa em volta do CONAMA, sem o qual a maior parte dos programas e projetos, que atingem a sociedade como um todo, não se efetivaria e interesses espúrios e destrutivos sobre o nosso acervo ambiental nacional invadiriam e destruiriam o que ainda nos resta. 2. Você, melhor do que ninguém, deve estar lembrada de que o IBAMA foi criado pela fusão de "alhos com bugalhos", "óleos com escólios" e "ulhos com esbulhos". A fusão de órgãos como IBDF, SEMA, SUDEHEVEA, SUDEPE surtiu efeitos contraditórios à sua proposta, fazendo com que a missão fundamental de preservação da nossa biodiversidade e da eficácia de projetos de sustentabilidade, em termos de floresta, pesca e de recursos naturais, se perdesse no espaço e não conseguisse ser efetivada.  Apesar disso, o IBAMA merece elogios pelo esforço dos seus agentes, a quem não são dados os recursos e ferramentas necessários à sua função. 3. Nós, aqui na FBDS, temos lutado para conseguir efetivar os diversos projetos com recursos alocados já há muito tempo pelos bancos multilaterais de desenvolvimento.  O Programa do Pantanal, o PPG7 e tantos outros esbarram na ridícula regra que, sendo imposta de fora para dentro, obriga o Governo a congelar esses fundos, com a desculpa de que já foi atingido o nível de endividamento do país, e portanto não podem ser liberados, outrossim levaríamos um puxão de orelhas do FMI e de outras múmias do sistema financeiro e internacional.Não me lembro de que tenha havido esforços substantivos dos negociadores brasileiros para mudar esse constrangimento sobre créditos disponíveis e não utilizados.  Creio, mesmo, que isso não está entre as prioridades governamentais, o que é uma pena. 4. Como sabemos, a distribuição de poder vem junto com atribuições e recursos orçamentários para implementar sua missão.  No entanto, atualmente existe uma enorme aberração funcional na área de meio-ambiente por falta de foco, de atribuições específicas e a opção do Ministério por aquilo que chamam de "internalização de saber e fazer". Ignora-se a necessidade fundamental do próprio conceito de ação sobre o meio-ambiente, que é a profunda integração entre governo, instituições científicas e, sobretudo, a sociedade civil. Exemplo pungente é a atribuição ao Ministério de Meio-Ambiente da área de florestas plantadas. É óbvio que isso deveria estar no âmbito do Ministério da Agricultura e não no Ministério do Meio-Ambiente. Indo mais além, temos profundas dúvidas quanto à necessidade de termos um Ministério do Meio-Ambiente dentro do formato atual. Aquilo que nós esperamos desse é que seja um órgão regulador e fiscalizador. Florestas plantadas não têm nada a ver com conservação, preservação ou uso sustentável de florestas nativas.  O Ministério certo onde deveriam estar as "florestas plantadas" deveria ser seguramente o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Em cada um dos Ministérios deveria haver uma Secretaria de Meio-Ambiente que implementasse em sua área de ação os regulamentos e a legislação ambiental. 5. Não vou me estender sobre todos os outros pontos que você levantou e com os quais nós, ambientalistas, nos solidarizamos.  No entanto, na sua avaliação sob a ação negativa do Governo na área ambiental, sugiro que seja acrescida a enorme desilusão de todos aqueles que trabalharam tão intensamente e tão competentemente na implementação da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Estamos todos com as mãos amarradas, boquiabertos com o inacreditável desmanche de tudo que foi criado.   A área de mudanças climáticas deu ao Brasil a liderança nas negociações das diversas COPs (Conference of the Parties). A Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima se reuniu algumas vezes, ignorando totalmente não apenas a sociedade civil, mas também tudo o que foi feito sobre ao assunto a partir de 1992. A presença ordenada e altamente competente do Brasil nas discussões internacionais nos colocou na liderança das discussões. Elas não estão terminadas. No entanto não sentimos que exista no governo a prioridade sobre esse assunto, que é possivelmente, em termos globais, o mais importante centro de discussão sobre políticas globais ambientais. A política energética do futuro será essencialmente voltada para a problemática das mudanças climáticas.  O Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas Gerais, que interligava a sociedade civil com a política nacional de mudança climática, foi desmantelado.  Até hoje não se sabe a quem se dirigir no Governo quando o assunto se refere a mudanças climáticas, florestas, energias alternativas e eficiência energética.  Todos esses vetores fundamentais são tratados hoje sem se levar em conta a participação organizada da parcela da sociedade civil dedicada ao meio-ambiente. Estamos inteiramente de acordo com você sobre a necessidade de salvaguardamos a importância emblemática da Ministra Marina Silva. Nós não cansamos de elogiá-lae eu diria mesmo promovê-la internacionalmente como uma bandeira brasileira de respeito e ética quanto ao meio-ambiente. Mais uma vez agradecemos a você ter tomado a iniciativa que, se der bons frutos, poderá vir a reintegrar os brasileiros que se dedicam ao meio-ambiente pessoalmente ou através de instituições diversas, na crença de um futuro melhor para nossa realidade e riqueza nacional.

Por Redação ((o))eco
18 de agosto de 2004
Notícias
18 de agosto de 2004

Crime

Moradores de prédio situado à margem de um dos mais belos cartões postais do Rio, a Lagoa Rodrigo de Freitas, andaram protocolando pedidos na Fundação de Parques e Jardins do município para que passasse a motosserra num grupo de 11 palmeiras que sobem na frente de suas janelas. Não justificaram a razão para os pedidos, mas parece óbvio que elas estavam atrapalhando a vista que alguns dos condôminos gostariam de ter da Lagoa. Todos foram negados. Uma das palmeiras, a mais alta, recentemente exibiu sinais de que estavam tentando assassiná-la despejando óleo em suas raízes. Não se tem certeza do culpado, lembra O Globo (gratuito, pede cadastro), mas todo mundo tem um grupo de suspeitos: os moradores do prédio cujas vistas as palmeiras estão “atrapalhando”.

Por Cristina Matos
18 de agosto de 2004
Notícias
17 de agosto de 2004

Perigo

As autoridades americanas, diz o The New York Times (gratuito, pede cadastro), começaram a ficar novamente preocupadas com com reatores nucleares de pesquisa que se utilizam do mesmo tipo de urânio que as armas nucleares como combustível. Há 139 reatores deste tipo espalhados pelo mundo. Um terço deles, graças a um programa iniciado há duas décadas pelos americanos, converteu seu combustível para urânio menos explosivo. Mas os outros, incluindo seis reatores que estão em universidades americanas, continuam como estavam. Teme-se que venham a virar alvo da cobiça terrorista. Em especial os que estão em centros acadêmicos, onde a segurança está longe de ser invulnerável.

Por Cristina Matos
17 de agosto de 2004
Notícias
17 de agosto de 2004

A sutileza do vilão

O The Washington Post (gratuito, pede cadastro) acaba de publicar uma série de reportagens sobre a estratégia do governo de George Bush para tirar da frente das grandes empresas quaisquer barreiras ou custos ambientais ao seu negócio. Ao invés de tentar mudar leis, levando adiante uma luta pública contra ambientalistas, ele tem mexido nas regulamentações sobre saúde pública ou meio ambiente, de preferência em dias onde ninguém está prestando atenção, ou faz mudanças sutis, difíceis de perceber. A primeira tática ele usou em relação à tuberculose, doença que voltou a crescer nos Estados Unidos. Regras do departamento do Trabalho, que levaram mais de uma década para serem escritas, obrigavam funcionários de prisões ou hospitais que mantivessem qualquer contato com pacientes de tuberculose a serem testados sobre a doença. No dia 31 de dezembro de 2003, sem qualquer justificativa, a nova regulamentação foi cancelada. A opção pela sutileza foi aplicada à regulamentação que afetava as mineradoras. Nos anos 80, elas desenvolveram técnica de extração que dinamitava os topos dos morros e montanhas em exploração. Além de brutal, a técnica criava novo problema. Onde colocar o excesso de pedras e cascalhos que o método produzia. Em 1999, diante de uma conta que estimava em 1200 quilômetros a extensão de rios aterrados por dejetos da mineração despejados em vales, o governo mudou sua qualificação na regulamentação. Passou a chamá-los de lixo mineral. Com isso, parou com o despejo e a técnica de arrasar topo de morro praticamente sumiu. Reapareceu no ano passado, depois de Bush ter trocado a palavra que qualifica os dejetos de lixo para aterro, coisa que lhes dá o direito, segundo a legislação americana, de serem jogados em qualquer buraco.

Por Cristina Matos
17 de agosto de 2004
Notícias
17 de agosto de 2004

Casamento verde

Não chega ainda a ser uma mania, mas já é grande o suficiente para merecer uma reportagem no Guardian Unlimited (gratuito). Na Inglaterra, casais estão fazendo casamentos ecológicamente corretos. Pedem como presente que os convidados plantem árvores. Para quem mora em cidade, estar numa lista de casamento desses era dor de cabeça até pouco tempo atrás. Agora, para socorrer os convidados aflitos, existe a Future Forest, uma empresa que se especializou em dar consultorias à empresas de grande porte sobre ações de reflorestamento. Por 10 míseras libras esterlinas, ela planta a árvore, a fotografa e manda a imagem para o simpático casal com um certificado em nome do sujeito que contratou o serviço. Texto curto. Lê-se em dois minutos.

Por Cristina Matos
17 de agosto de 2004
Notícias
17 de agosto de 2004

Mais dementes

A história saiu no The Observer (gratuito) e foi publicada no domingo, 15 de agosto. O número de pessoas com diagnóstico de demência ou de doenças neuromotoras aumentou assustadoramente nas duas últimas décadas. A reportagem se baseia em artigo publicado numa revista de medicina, a Public Health. Seus autores compararam a incidência em 7 países industrializados de gente demente ou com problemas neuromotores entre 1977 e 1997. Viram que os primeiros mais do que triplicaram em número e o grupo onde estão os segundos dobrou de tamanho. Os números têm precisão científica. As causas para tamanha mudança nas estatísticas, nem tanto. A turma que fez a pesquisa acha que a culpa pode estar no aumento da poluição, principalmente química, nos países industrializados. Existem hoje 80 mil produtos químicos industrais. Alguns são pesadamente regulados. A esmagadora maioria, entretanto, não tem qualquer tipo contrôle. A leitura é rápida.

Por Cristina Matos
17 de agosto de 2004
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